SÃO PAULO

Policiais forjavam denúncias e usavam 'kit flagrante', diz MP

Por com R7 10/02/2018 - 08:05

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Droga usada supostamente para forjar apreensão - Foto: Assessoria
Droga usada supostamente para forjar apreensão - Foto: Assessoria

Policiais civis da Dise (Delegacia de Polícia de Investigações sobre Entorpecentes) de Taubaté se apropriavam de drogas, com o conhecimento do superior hierárquico, para forjar prisões em flagrante. 

Além disso, os policiais criavam denúncias anônimas de próprio punho para justificar diligências sem mandado judicial.  

Esse procedimento foi apontado, em denúncia oferecida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Vale do Paraíba, à 3º Vara Criminal de Taubaté (SP). Os policiais acusados foram condenados em primeira instância e aguardam julgamento do recurso.

De acordo com o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), as porções de drogas eram usadas para montar o chamado “kit flagrante”.  

A denúncia aponta que as substâncias entorpecentes chegavam das ruas, de apreensões não formalizadas, por desvio da delegacia ou adquiridas de supostos traficantes que teriam como hábito pagar o “carnêzinho” — como era chamada a possível mensalidade cobrada de supostos traficantes em troca de benefícios. 

 A operação realizada no dia 29 de janeiro de 2016, iniciada a partir de interceptações telefônicas, ajudou a esclarecer o suposto envolvimento de policiais civis com práticas criminosas, segundo conta o promotor de Justiça Alexandre Affonso Castilho, do Gaeco de Taubaté.  

O promotor afirma que flagrou na casa do investigador de polícia Iran Carvalho possíveis elementos utilizados para comprometer vítimas. Na ocasião, o “kit flagrante”, que seria usado para incriminar inocentes ou usuários de drogas, foi encontrado em um dos armários do policial.  De acordo com Castilho, o investigador de polícia foi preso e autuado em flagrante por tráfico de drogas. A investigação encontrou também uma quantia de R$ 1.000 na casa do policial Aderson. 

“Era dinheiro trocado, típico de tráfico de drogas”, afirma o promotor.  O MP-SP concluiu, com a investigação, que “o único órgão da Polícia Civil especializado na investigação e combate ao tráfico de drogas em Taubaté e região iludiu a sociedade, prejudicou pessoas, alguns inocentes, e trabalhou na proteção e no interesse de um grupo de importantes traficantes”.

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