Agencia Brasil
Indústria reduz e adapta produção de máscara ao novo momento da pandemia
A centenária Lupo, a maior fabricante nacional de máscaras de proteção contra a Covid-19, decidiu suspender a produção do acessório no seu parque fabril de 130 mil metros quadrados, com unidades em Araraquara (SP) e Itabuna (BA), apurou a Folha.
A Lupo avaliou que o fim da obrigatoriedade da proteção nos grandes centros urbanos, este mês, já permitiria à empresa interromper a fabricação do produto, que tem como principais canais de vendas o site e as cerca de 430 franquias da marca espalhadas pelo país. Entre abril de 2020 e setembro de 2021, foram aproximadamente 70 milhões de unidades vendidas, incluindo a marca Trifil, que pertence à companhia.
Outras fabricantes, como a gaúcha Fiber Knit, tomaram a mesma iniciativa. A produção das máscaras esportivas da marca, que foram o acessório oficial da equipe olímpica do Brasil no Japão no ano passado, chegou a 12 mil unidades por dia, mas desde fevereiro está suspensa. Até agora, a empresa vendeu 4,5 milhões de unidades.
Antes especializada na fabricação de cabedal para calçados, a Fiber Knit viu nascer nas máscaras um novo mercado, que quintuplicou o seu faturamento, não revelado. Mas a demanda diminuiu a partir de novembro, reacendeu em janeiro com a ômicron e, em fevereiro, voltou a cair, levando a empresa a suspender a produção, feita em impressora 3D e com garrafas PET como matéria-prima.
‘A queda nas vendas de máscaras já era esperada’, diz Thiago Dal Pizzol, diretor da Fiber. ‘Desde o final do ano passado, começamos a redirecionar nossa produção para outros itens de maior valor agregado, como tênis e mochilas’, afirma.
A companhia também está abrindo uma nova frente de vendas para o seu estoque de máscaras: as farmácias. ‘O produto era vendido até agora no nosso site e em lojas de artigos esportivos. Mas acreditamos que muita gente vai querer manter a proteção, procurando o produto em um ambiente associado a cuidados com a saúde’, diz Pizzol.
Até o momento, a Fiber já fechou acordos com as redes de farmácias São João, do Rio Grande do Sul, e Tapajós, do Norte e Nordeste. ‘A proteção vai continuar para o controle de várias doenças, não só da Covid, que também não terminou’, afirma Pizzol, que não descarta a retomada em menor escala, para abastecer as drogarias.
A Raia Drogasil, a maior rede nacional de farmácias, com cerca de 2,5 mil lojas espalhadas pelo país, informou à Folha que o pico de vendas de máscaras se deu entre janeiro e abril de 2021. E que a partir de então as vendas se ‘estabilizaram’. Ainda assim, informou a empresa, as vendas de fevereiro deste ano foram 13% superiores às de fevereiro do ano passado.
A filial da multinacional americana 3M, por sua vez, com fábrica em Itapetininga (SP), disse à Folha que reajustou a produção da sua máscara PFF2 perante o recuo de 25% na demanda. ‘A empresa mantém seu fornecimento normalizado para os clientes dos segmentos profissionais, pouco impactados pela não obrigatoriedade de uso de máscaras para a população em geral, definida recentemente por governos’, informou, em nota.
A companhia, que não divulga os números locais de produção, disse apenas que, globalmente, aumentou sua capacidade para atingir 2 bilhões de máscaras produzidas ao ano -quatro vezes o montante fabricado antes da pandemia. ‘No Brasil, a empresa aumentou em três vezes o volume de sua produção de máscaras para atender a demanda’, informou
Desde que o ex-ministro da Saúde Luiz Felipe Mandetta veio a público, em 1º de abril de 2020, pedir que as pessoas começassem a improvisar máscaras caseiras para proteger a região do nariz e da boca, muita coisa mudou nos hábitos do brasileiro e nas vendas do varejo. A lei que tornou obrigatório o uso de máscaras no país só foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em 3 de julho de 2020.
A saída remediada de proteção contra o novo coronavírus apresentada pelo ex-ministro, de amarrar um pano no rosto, evoluiu para um acessório com segurança certificada e até apelo fashion.
Uma pesquisa global da consultoria internacional Euromonitor, em 46 mercados, divulgada em abril do ano passado, apontou que o Brasil era o quinto país do mundo com o preço unitário mais baixo de máscaras de tecido reutilizáveis -por volta de US$ 1. O Vietnã tinha o menor preço médio para máscaras faciais (por volta de US$ 0,60) e, a Suécia, o maior valor (US$ 13).
A pesquisa apontou a existência de modelos de luxo: a grife britânica Burberry, por exemplo, oferecia no ano passado sete modelos com preços em torno de US$ 120 (R$ 584), enquanto a italiana Dolce & Gabanna havia lançado uma linha com preços de US$ 89 (R$ 433) a US$ 122 (R$ 594).
A 3M não tem um preço sugerido no varejo para suas máscaras PFF2 -que conta com respirador e é um dos modelos mais recomendados pelas autoridades de saúde, por apresentar filtração mínima de 94% contra a penetração de aerossóis. Mas é possível encontrar o modelo à venda na internet em pacotes de 10 unidades a R$ 64.
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