Brasília
Governistas querem aprovar Previdência em fevereiro
Lideranças governistas afirmaram à Reuters nesta sexta-feira que pretendem intensificar as articulações para aprovar a reforma da Previdência na Câmara em fevereiro a fim de evitar novos rebaixamentos da nota de crédito do país.
Na véspera, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito da dívida soberana do Brasil para BB-, ante BB, em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas públicas, como a reforma da Previdência, e de incertezas devido às eleições deste ano.
A S&P foi a primeira das três principais agências de crédito --Moody’s e Fitch são as outras duas-- a revisar a nota de crédito brasileira este ano.
Na avaliação do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), se a reforma da Previdência não for feita, a “certeza” é que o país vai viver de “rebaixamento em rebaixamento”.
“Que cada um agora faça a sua leitura. Muita gente acha que estamos superdimensionando a situação, mas não é isso. O Brasil precisa dessa reforma e todos os indícios nacionais e internacionais dizem isso”, disse.
Para Marun, atualmente não há mais argumentos técnicos para ser contra. “A oposição é contra porque é oposição. Mas os dados estão aí disponíveis para todos, que façam sua análise”, acrescentou.
Um dos vice-líderes do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP) reconheceu que a decisão da S&P é “muito ruim” para o Brasil porque prejudica o investimento internacional no país.
“Se a gente tiver a cabeça no lugar, vamos aprovar a reforma no dia 19 de fevereiro exatamente para que outras agências não nos rebaixem também”, disse Mansur, um dos parlamentares mais próximos ao presidente Michel Temer.
Outro vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (MDB-RS), avaliou que o rebaixamento da agência é um aviso para os parlamentares enfrentarem o maior item de gastos públicos no país, que é a Previdência.
“Faremos do limão uma limonada”, destacou ele, ao considerar que, no recesso, o apoio popular à reforma aumentou e faltam agora menos de 50 votos para conseguir aprovar a proposta.
Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC)são necessários os votos de ao menos 308 dos 513 deputados para sua aprovação na Câmara, mas o governo tem dito que quer, para ter uma margem de segurança, a garantia de 320 a 330 votos.
Marun vai na mesma linha de Perondi. “Estamos vivendo a situação surreal em que o rebaixamento do nosso rating é visto com otimismo pela nossa economia, pois traz a esperança de que isto contribua para uma conscientização que permita a aprovação da reforma”, reforçou.