Campanha nacional vai coletar DNA de familiares de desaparecidos

Por Agência Brasil 05/08/2025 - 17:35
A- A+
Campanha nacional vai coletar DNA de familiares de desaparecidos

Mais de 40 mil pessoas desapareceram no Brasil somente este ano, uma média de quase 300 pessoas desaparecidas por dia. Para tentar agilizar a resolução desses casos, o Ministério da Justiça lançou, nesta terça-feira (5), a terceira edição da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas.
  
A ideia é convocar familiares para que doem o material genético aos bancos estaduais e nacional de perfis genéticos. Assim, é possível comparar o DNA com restos mortais não identificados ou com pessoas vivas sem identificação. A campanha vai até a próxima sexta-feira (15).

Durante o lançamento, foi divulgado um relato da aposentada Glaucia Lira, que passou 13 anos à procura do filho desaparecido e doou material genético para a comparação. Agora, em 2025, a angústia deu lugar ao luto: o cruzamento de material do banco genético apontou que o filho dela não estava mais vivo. Para Glaucia, foi uma notícia difícil, mas que trouxe um certo “alívio”.  

"Não foi o retorno que eu queria, claro, porque meu filho infelizmente não está mais aqui. Mas hoje eu sei o que aconteceu a ele. Então eu acho que esse trabalho realmente é importante, precisa ser valorizado. Eu só tenho que falar bem. Gostaria que tivesse terminado tudo diferente, sabe? Que meu filho estivesse aqui. Mas hoje eu sei o que aconteceu. Foi, de certa forma, entre aspas, um alívio, porque eu não fico mais pensando onde está, como é que ele está." 

Também no lançamento, a diretora do Sistema Único de Segurança Pública, Isabel Figueiredo, informou que os laboratórios de todo o país estão de portas abertas durante a campanha, e que a coleta também pode ser feita em outros momentos. Isabel Figueiredo explica o que é preciso fazer e afirma que a privacidade dos dados genéticos é garantida.

"Esses familiares precisam ter registrado esse desaparecimento, então é necessário, além de levar o seu documento pessoal, levar também o boletim de ocorrência nesse processo de coleta. Esse DNA só vai ser utilizado para essa finalidade. Tem uma gaveta nesse banco, que é uma gaveta específica, para a pauta das pessoas desaparecidas, e esse DNA vai girar só nessa gavetinha que é exatamente para que a gente possa confrontar depois com pessoas vivas de identidade desconhecida, mas também com pessoas mortas, com restos mortais, enfim."

De acordo com o Ministério da Justiça, foram realizadas mais de 1,6 mil coletas de material genético de familiares no ano passado, que ajudaram a identificar 35 pessoas.

Os Dados da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas do Ministério da Justiça mostram que, em 2024, foram registradas mais de 81 mil notificações de pessoas desaparecidas no país. Este ano, cerca de 27 mil foram encontradas, ainda que não necessariamente vivas e que não tenham desaparecido apenas em 2025.  

Todas as informações, inclusive sobre os pontos de coleta de material genético, pelo país, estão disponíveis na internet.

3:22

Encontrou algum erro? Entre em contato