CRÍTICAS
Ilustrador alagoano é vítima de xenofobia por supostos seguidores de Bolsonaro
Artista assina arte de cartaz polêmico criado para a banda americana Dead KennedysO ilustrador alagoano Cristiano Suarez, que assinou o cartaz oficial de divulgação dos shows em comemoração aos 40 anos da banda americana Dead Kennedys, foi vítima de xenofobia na tarde desta terça-feira, 23, por um suposto simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
O motivo seria a arte que traz a essência política que a banda sempre carregou nas suas quatro décadas de existência. No trabalho desenvolvido pelo alagoano, mesmo que de forma tímida, fica claro uma provocação ao governo de Bolsonaro.
"Só podia ser nordestino mesmo para fazer uma merda dessa. Você está contra mais da metade da população brasileira, não gostou sai fora daqui", diz um e-mail recebido pelo artista e divulgado em seu Instagram. O texto é assinado por um homem identificado apenas como Eduardo Sandes.
Poucos tempo após a banda americana publicar a imagem em seu perfil oficial, a arte rodou o mundo, gerando grande repercussão e críticas positivas e negativas. A banda excluiu a publicação e se pronunciou afirmando que não haviam autorizado a publicação da ilustração. O artista também apagou a imagem da sua conta oficial.
No cartaz é retratada uma família que veste camisetas da seleção brasileira e que usa perucas em referência ao palhaço Bozo, nome pelo qual o presidente Bolsonaro passou a ser chamado por seus opositores.
Os integrantes da família, incluindo as crianças, seguram armas e, ao fundo, é possível ver favelas explodindo, além de tanques de guerra do Exército Brasileiro.
“I love the smell of poor dead in the morning!” (em português, “eu amo o cheiro de pobre morto pela manhã!”), diz um dos personagens. “O péssimo inglês falado pelo personagem é mais uma ironia”, informou o artista pelo seu Facebook.
À imprensa, Suarez disse que não pensou em fazer crítica diretamente ao presidente Jair Bolsonaro, mas para a parcela da população que apoia a liberação da posse e do porte de armas de fogo, uma das bandeiras da campanha eleitoral do presidente.
"Não é uma crítica explícita ao Bolsonaro. O 'bozo' é uma alfinetada, mas eu queria mais criticar o estereótipo da classe média brasileira, que adotou a cultura do armamentismo, que louva armas, acha que é possível resolver tudo na base da bala, e que o Exército deve cuidar da segurança pública", explicou.