PREDADOR SEXUAL
Ex-prefeito de Ibateguara é acusado de estuprar mais de 40 servidoras
Geo Cruz é secretário de Governo, mas age como ‘prefeito de fato’ e estaria usando cargo para chantagear as vítimas.jpg)
Processo que corre em segredo de Justiça e cuja denúncia está em investigação no Ministério Público de Alagoas (MPAL) acusa de crimes de assédio, abusos sexuais e uso de cargo de confiança para coerção de vítimas o ex-prefeito e atual secretário geral do município de Ibateguara, Manoel Geraertes Alves Cruz, conhecido como Geo Cruz. A denúncia foi originalmente entregue ao Ministério Público Federal (MPF), que declinou competência e encaminhou o caso ao MP Estadual.
A denunciante é uma vereadora e as vítimas citadas por ela, que já somam mais de 40 mulheres, são prestadoras de serviço da prefeitura, algumas em cargos de gestão do Município. Geo Cruz é um político filiado ao MDB que desfruta da amizade de grandes nomes públicos – como o senador Renan Calheiros e o governador Paulo Dantas, além de figuras do Judiciário.
Ele ocupou a cadeira de prefeito de Ibateguara em dois mandatos consecutivos, de 2012 a 2020, e atualmente permanece no poder [aliados brincam que é o seu terceiro mandato], decidindo os rumos do município que tem como chefe do Executivo Lucinéia Laurentino Félix da Silva, a Néa do Geo. A história política de Ibateguara guarda um rosário de eventos que depõem contra Geo Cruz, de conhecimento da Justiça, do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas, advogados e dos habitantes da cidade. Entretanto, nenhum resultou em punição.
O ex-prefeito continua como influente figura política no interior do estado. As denúncias de assédio e abusos sexuais, inclusive, já foram parar em órgãos públicos como prática perpetrada desde 2020 pelo ex-prefeito, segundo a denunciante. As vítimas são “mulheres que estavam ou ainda estão ligadas à folha de pagamento da prefeitura” e que “sob ameaças de retaliação salarial ou perda de benefícios, teriam sido coagidas a suportar repetidos e contínuos abusos por parte de Geo Cruz”, descreve o documento de denúncia. Um dos casos envolveu a mulher de um vereador, que não denunciou às autoridades a prática de atos libidinosos sofridos, mas fez despertar a atenção da população local para o crime supostamente praticado pelo então prefeito em seu primeiro mandato.
O advogado da denunciante, Thiago Sarmento, explica que o processo tramita em segredo de justiça dada a “delicadeza” da situação. Na última terça-feira, 19, ele solicitou à Justiça a habilitação formal da denunciante para o acesso a laudos e demais documentos do processo. “A prática de atos libidinosos ou mesmo a relação sexual consentida, mas de forma viciada, forçada, é considerada estupro”, explicou o advogado ao falar sobre o caso. Ele lembra que numa cidade pequena onde a economia não dá suporte para a abertura de postos de trabalho, o maior empregador é o poder público.
O QUE DIZ GEO CRUZ
O ex-prefeito Geo Cruz informa que não foi notificado ou mesmo comunicado sobre algum processo em tramitação no MPE de Alagoas que o acuse dos crimes atribuídos a ele pela vereadora. Se mostrando surpreso com o contato da reportagem, ele atribuiu a denúncia ao primo legítimo, inimigo político e exdeputado João Caldas. O ex-prefeito negou todas as acusações imputadas a ele e afirmou tratar-se de “artimanha” na tentativa de prejudicar seus planos políticos para o próximo ano.
Garantiu que nunca houve processo envolvendo seu nome ao crime de abuso sexual e que as denúncias não procedem. Filiado ao MDB, Geo Cruz disse que não pretende concorrer a cargo eletivo, já que deve apoiar a reeleição da atual prefeita Néa do Geo, se ela decidir pela candidatura. Na avaliação do ex-prefeito e atual secretário geral do Município, esse tipo de denúncia é típico dos períodos que antecedem eleições.
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