XADREZ POLÍTICO

Sem controle do MDB, Renan Calheiros não consegue enquadrar ‘rebeldes’

Senador monta um complicado xadrez para arrastar a votação ao 2º turno
Por Odilon Rios - Especial para o Extra 31/12/2023 - 18:00
Atualização: 29/12/2023 - 11:01
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Edilson Rodrigues/Agência Senado
Renan Calheiros durante a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
Renan Calheiros durante a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania

Pela primeira vez em décadas, a palavra do senador Renan Calheiros deixou de ser uma ordem no MDB de Maceió. Ele não consegue trazer para a oposição todo o partido na capital para barrar o crescimento do prefeito JHC (PL) nem tem um candidato à altura para enfraquecer Jota. E monta um complicado xadrez para arrastar a votação ao 2º turno.

relacionadas_esquerdaRenan trocou a presidência do MDB-Maceió, antes ocupada pelo presidente da Câmara de Maceió Galba Netto, aliado de JHC. Colocou o deputado federal Rafael Brito, com ordens de enquadrar os oito vereadores da Câmara na capital. Nas palavras de um importante líder do partido, Brito atrapalhou as articulações do deputado estadual José Wanderley Neto. Nem vive em Maceió, não conversa com os vereadores e tenta imitar trejeitos e palavras do senador Renan. “Brito conhece Maceió porra nenhuma”, desabafou.

A crise do calheirismo começou ainda no governo Renan Filho (2015-2022) quando ele perdeu a disputa pelo comando da Assembleia Legislativa e tentou inviabilizar o nome de Luciano Barbosa (então vice-governador) à Prefeitura de Arapiraca. O diretório do MDB arapiraquense blindou Barbosa e o eleitor lhe deu uma vitória acachapante: 54,56%. Renan-pai não queria Luciano Barbosa prefeito de Arapiraca, assim como não quis um aliado do prefeito JHC dirigindo o MDB na capital.

A prática foi diferente. Numa demonstração pública de falta de sintonia entre Renan e o MDB-Maceió, existem apenas dois vereadores do partido na oposição a JHC: Fernando Holanda e Zé Márcio. Kelmann Vieira é do Podemos, mas deu a palavra a Renan que vai se filiar ao MDB em 2024, quando se abrirem as janelas da infidelidade, permitindo o troca-troca de legendas. Joãozinho e Teca Nelma, também da oposição, são do PSD.

Teca recolhe assinaturas para instalar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a transação extrajudicial assinada entre JHC e a direção da Braskem, que pagou R$ 1,7 bilhão pelos prejuízos causados na exploração de sal-gema, resultando no afundamento de 5 bairros na capital.

Do MDB, só Holanda e Márcio assinaram. Nova desmoralização a Rafael Brito, que não consegue se impor como líder do MDB-Maceió.
Tratado como novidade da política, Tio Rafa foi um candidato caro. Deixou a Secretaria Estadual de Educação direto para as urnas. O MDB investiu R$ 400 mil em sua campanha a federal. Outros R$ 300 mil vieram da campanha de Renan Filho, que disputou e ganhou o Senado.

Foi o sexto mais votado nas urnas de Maceió, enfrentando a poderosa onda conservadora que elegeu seus colegas de parlamento Alfredo Gaspar de Mendonça (do União Brasil, mais votado em Maceió) e o Delegado Fábio Costa (do PP, terceiro mais votado).

O segundo mais votado, não eleito, foi Doutor JHC, irmão do prefeito, de base fortemente evangélica e posições que reforçam a constelação do tradicionalismo familiar do passado, sem se meter em polêmicas. Foi acusado de agredir a esposa numa história com direito a delegacia, a presença no local de Fábio Costa passando panos quentes, muitas situações pouco explicadas e, finalmente, a troca de palavras de afeto entre marido e mulher nas redes sociais, tratando o caso como fake news.

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