ECONOMIA
Alagoas: 5º lugar no país no ranking de casas sem acesso a água canalizada
Situação é mais grave nos municípios de Ouro Branco, Cacimbinhas e Canapi, segundo Censo 2022Alagoas é o 5º estado brasileiro com maior proporção de moradores sem água canalizada, segundo dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em fevereiro. Doze unidades federativas no país estão acima da média geral do país, de 2,4%, quando o assunto é falta de acesso a água canalizada. Esses estados estão nas regiões Norte e Nordeste, segundo levantamento da Agência Tutu.
Amazonas é o estado com a maior proporção de moradores sem sistema de água canalizada, com 9,66% da população, Acre (9,61%), Pernambuco (9,24%), Paraíba (8,87%) e Alagoas (7,99%).
Em Alagoas, as cidades campeãs desse ranking são Ouro Branco (69,6%), Cacimbinhas (68,3%) e Canapi (65,4%), todas na região do Sertão. Em Traipu, estima-se que 10.387 pessoas vivem sem água canalizada, o que representa quase metade (44%) da população do município. A cidade ocupa o 15º lugar quanto à proporção de moradores sem água dentro de casa.
Questionado sobre as formas que as famílias encontram para ter algum acesso à água, o morador Manuel Oliveira explica que alguns domicílios de Traipu, bem como escolas e postos de saúde, são abastecidos por carros-pipa, mas a quantidade é insuficiente. Já os moradores que residem mais próximo do Rio São Francisco, que margeia a cidade, “pegam água do rio naturalmente, tanto para beber como para cozinhar, para tomar banho, para tudo”.
Atualmente a Operação Carro-Pipa, conduzida pelo Exército e que distribui água para as regiões do Sertão e Semiárido brasileiros atende a 26 municípios e uma população de 105 mil pessoas que sobrevivem com carência de água potável.
O Censo 2022 mostra que mais de 4,8 milhões de brasileiros que ainda residem em domicílios sem água encanada. A Agência Tatu ouviu a pesquisadora Tamara Zambiasi, que é PhD em Financiamento e Governança da Água na Universidade de Cambridge. Segundo ela, as disparidades regionais no acesso ao saneamento básico no Brasil são evidentes e refletem as profundas desigualdades econômicas do país.
"A carência de infraestrutura básica, como redes de distribuição de água e sistemas de tratamento de esgoto, figura como um dos principais entraves para o avanço do saneamento em regiões menos desenvolvidas. A ausência de investimentos adequados nessa infraestrutura resulta em serviços precários ou inexistentes, impactando negativamente na qualidade de vida e na saúde da população”, afirma Zambiasi.
Para a geógrafa, os investimentos públicos diretos no saneamento são baixos e a distribuição desigual de investimentos no setor apenas reforça um ciclo de desigualdades, onde as regiões menos favorecidas continuam recebendo menos recursos, perpetuando suas condições precárias de saneamento.
Publicidade