TRANSPORTE POR APLICATIVO

Uber e 99: motoristas por app de AL criticam proposta de regulamentação

Associação é contra modelo de remuneração proposta pela União
Por Ana Luíza Ambrózio - Estagiária sob supervisão 12/03/2024 - 06:00

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Rovena Rosa/Agência Brasil
Motoristas em Alagoas são contrários ao PL
Motoristas em Alagoas são contrários ao PL

O governo federal anunciou na primeira semana de março o envio ao Congresso do Projeto de Lei 12/2024 com regras que nortearão o trabalho de motoristas de transporte de passageiros que atuam por meio de aplicativos, como Uber e 99, mas, enquanto o texto foi elogiado por alguns, também foi duramente criticado por outros, incluindo associações que representam a categoria em Alagoas.

De forma resumida, o Ministério do Trabalho propõe a regulamentação para motoristas de aplicativos, colocando em prática um piso salarial de R$ 32,09 por hora, uma alíquota de contribuição previdenciária de 27,5% (sendo 20% pagos pelos empregadores e 7,5% pelos trabalhadores) e um limite de jornada de 12 horas, juntamente com o reconhecimento sindical.


O texto estabelece ainda que as empresas terão o poder de excluir trabalhadores em casos de fraude, abuso ou mau uso do aplicativo, desde que respeitem o direito de defesa. Além disso, para receber o piso nacional, será necessário que o trabalhador cumpra uma jornada de 8 horas diárias.

A principal questão em debate é a remuneração por hora, em vez de por quilometragem, e o método de recolhimento previdenciário, considerando que muitos trabalhadores atuavam como Microempreendedor Individual (MEI).

O que os motoristas acham disso?

Ao EXTRA, um dos representantes da Associação dos Motoristas por Aplicativo do Estado de Alagoas (Ampaeal) Alex Felix, expressou sua discordância em relação a essa regulamentação, apontando várias questões que considera prejudiciais aos interesses dos trabalhadores.

O representante destacou que a regulamentação proposta reduziria direitos e aumentaria a carga tributária dos motoristas. Félix explica ainda que muitos dos benefícios que a proposta visa oferecer, como um piso salarial por hora, já são superados pelo que os motoristas conseguem atualmente.

Assinatura do projeto de lei que será agora avaliado pelo Congresso

Outro ponto de preocupação da categoria, segundo o representante da Ampaeal, foi a limitação da jornada de trabalho para 8 horas por dia, com a possibilidade de estender para 12 horas apenas mediante acordo coletivo com o sindicato e a plataforma.

"A plataforma vai pagar 20% de INSS, que hoje ela não paga, e o total vai ser de 27,6%, que o governo vai arrecadar. Esse 20% na plataforma não especifica de onde vai ser retirado na lei. A gente hoje trabalha 12 horas por dia sem problema nenhum."

Além disso, o governo quer que os motoristas recolham o INSS pagando uma alíquota de 27,50% (7,5% pago pelos motoristas e 20% recolhido pelas operadoras)

Piso salarial

Além da contribuição do trabalhador ao INSS, as empresas terão de pagar 20% sobre a remuneração mínima do profissional.

Enfim, essa lei ela não nos dá melhoria nenhuma, só faz cobrar do motorista mais impostos e reduzir nossos ganhos

O valor proposto como piso salarial por hora é inferior ao que muitos motoristas já recebem atualmente, o que, para os motoristas, contradiz a ideia de que a regulamentação traria melhorias para a categoria.

Motoristas no Brasil

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 o Brasil tinha 778 mil pessoas que exerciam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros, representando 52,2% do total de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços — o equivalente a 1,7% da população ocupada no setor privado.

O levantamento mostra que enquanto 44,2% dos ocupados no setor privado estavam na informalidade, entre os trabalhadores de aplicativos esse percentual chega a 70,1%

Em Alagoas, pelo menos 2,6 mil motoristas exercem a função, segundo pesquisa divulgada em janeiro deste ano realizada pelo Sebrae Alagoas para mapear a atividade desses profissionais no estado independentes. Conforme os dados, a maioria deles (95,01%) é homem e com idade entre 30 a 39 anos.

O que será feito pelos motoristas

Em resposta à proposta de regulamentação que tem preocupado os motoristas de aplicativos em todo o país, Alex cita planos para uma mobilização nacional. Segundo o porta-voz da federação, o objetivo da mobilização é instar os deputados a revisarem e emendarem o projeto de lei em questão, visando corrigir e aprimorar suas disposições.

A principal preocupação está na percepção de que o projeto atual não representa adequadamente os interesses e necessidades dos motoristas de aplicativos. O representante destaca ainda a existência de um projeto alternativo, o PL 536/24, elaborado em colaboração entre as associações dos motoristas e a Frente Parlamentar do Motorista de Aplicativo.

Outro projeto que a gente defende é o PL 536/24, projeto de Lei feito pelas associações com a frente parlamentar do motorista de aplicativo, onde 220 deputados assinaram essa frente parlamentar. E esses parlamentares não foram ouvidos dessa frente, os motoristas não foram ouvidos

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