Ao enfrentar a obrigação de prestar contas ao Leão no imposto de renda de 2024, a decisão entre a declaração completa e a simplificada torna-se crucial. A escolha depende diretamente do volume de gastos dedutíveis, sendo que quanto mais expressivas as deduções, mais vantajosa se torna a opção pelo modelo completo.

Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, destaca a importância de compreender os pontos que influenciam na escolha entre as modalidades. "Hoje, o próprio programa de entrega da declaração de imposto de renda avalia automaticamente qual opção é mais vantajosa, seja a declaração completa ou simplificada. No entanto, é crucial entender o que pode ser dedutível ou não para ter uma visão real sobre a melhor opção", esclarece Domingos.

Diversos fatores podem favorecer a opção pelo modelo completo, especialmente para aqueles que têm filhos como dependentes e arcam com despesas relacionadas à educação, plano de saúde e previdência privada. Para determinar a opção na declaração, após preencher todas as informações, é recomendável conferir no canto inferior esquerdo da tela do programa qual das modalidades é mais vantajosa: se é o "por deduções legais" (modelo completo) ou o "desconto simplificado".

Declaração Simplificada: Desconto Padrão

Optando pelo modelo simplificado, a Receita presume um desconto padrão de 20% sobre a base de cálculo de imposto, limitado a R＄ 16.754,34 no imposto de renda de 2024. Este desconto é fixo, independente das despesas dedutíveis ao longo do ano. É uma opção viável para contribuintes de todas as faixas de renda.

É importante ressaltar que, mesmo que o modelo simplificado seja inicialmente mais vantajoso, é fundamental informar todos os gastos dedutíveis comprováveis para avaliar a opção mais interessante entre a declaração completa e simplificada.

Declaração Completa: Deduções reais e cuidados específicos

No modelo completo, o programa considera as deduções reais inseridas pelo contribuinte, abrangendo áreas como saúde, previdência e educação. Em relação às despesas com saúde, não há um teto ou limite estabelecido pela legislação.

Richard Domingos destaca a importância de ter comprovantes de todos os gastos dedutíveis ao optar pelo modelo completo. "Se o serviço de saúde foi prestado por pessoa física, é necessário o recibo. Se for uma pessoa jurídica, a nota fiscal é fundamental. Todos os comprovantes devem ser guardados por seis anos ou mais", orienta Domingos.

Outro ponto de atenção é que o contribuinte só pode deduzir despesas médicas consigo próprio ou com seus dependentes, excluindo despesas com pais ou cônjuges que não sejam dependentes.

Principais deduções pelo Modelo Completo:

1. Contribuições para a previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

2. Contribuições para previdência privada (PGBL), limitadas a 12% do total dos rendimentos tributáveis no ano;

3. Pagamento de pensão alimentícia conforme decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou por escritura pública;

4. Valor anual por dependente: R＄ 2.275,08;

5. Soma das parcelas isentas relativas à aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagas pela previdência oficial ou privada, a partir do mês em que o contribuinte completar 65 anos, totalizando R＄ 24.751,74;

6. Despesas com instrução (educação) do contribuinte, alimentandos em virtude de decisão judicial e dependentes, limitadas a R＄ 3.561,50 ao ano;

7. Despesas médicas e saúde, incluindo diversos itens como hospitais, clínicas, médicos, dentistas, exames laboratoriais, entre outros;

8. Despesas escrituradas em livro caixa, permitidas para trabalhadores não-assalariados, titulares de serviços notariais e de registro, e leiloeiros.

Ao escolher entre a declaração completa e simplificada, é fundamental considerar as especificidades de cada modalidade e garantir a apresentação de documentos comprobatórios para uma tomada de decisão informada.