Ele nasceu em Viçosa, zona da Mata alagoana, mas é cidadão do mundo. Andou por outras plagas, foi vereador na capital paulista e a partir daí elegeu-se por vários mandatos na Câmara dos Deputados pelo Estado de São Paulo. Foi ministro e continua na defesa por um Brasil real. O currículo é extenso e por onde passa, José Aldo Rebelo Figueiredo, é exemplo de sabedoria, honestidade e inspiração. Homem culto, na segunda-feira, 16, passou a ser o mais novo cidadão honorário de Maceió. A honraria concedida pela Câmara de Maceió foi inciativa do vereador Cleber Costa, que atendeu a uma reivindicação do professor Edson Moreira.

No plenário da Câmara estavam amigos de infância, familiares e políticos que conviverem ou convivem com esse ser de diálogo franco, apaziguador e coerente. Em sua fala, Rebelo disse que iria inverter o papel e faria homenagem a cidade de Maceió, que foi sua escola mais importante para a vida, para a política e para o aprendizado. "Tive a sorte de conviver com uma geração iluminada, que reunia muita energia criativa".

A emoção tomou conta naquela sessão solene. A execução do hino Nacional foi o termômetro para o inicio das homenagens. A poesia intitulada Viçosa, de autoria do professor Edson Moreira, recitada por Paulo Poeta, levou a plateia as lágrimas. Em "A Pérola Negra de Palmares, Viçosa", o poeta falou da grandeza daquela terra e de sua gente. Berço de grandes cantadores, violeiros, repentistas, folcloristas, literatos, poetas, bacharéis, doutores, cientistas, filósofos, historiadores, resistentes quilombolas e bravos camponeses. Berço de dom Avelar Brandão e tantos outros. Viçosa é um celeiro de astros, sim senhor. De uma imensidão de seresteiros e trovadores. Terra que viu nascer o menestrel das Alagoas, Teotônio Vilela, e também o Aldo Rebelo e tantos outros.

Em uso da palavra, o vereador José Márcio falou do homenageado de quem se declarou fã. O professor, mestre, ministro, deputado federal Aldo pode ouvir da importância do bem querer que tem pelo País. A vereadora Olívia Tenório fez uso da palavra e disse da felicidade de ter bons políticos pelo Brasil, de que saíram de Alagoas e Aldo é exemplo de perseverança, inteligência, um ser que sabe ser humano. Ênio Lins fez uma retrospectiva desde o tempo do movimento estudantil em que Aldo Rebelo e tantos outros jovens alagoanos tiveram papel fundamental. Desde então "é um grande articulador, uma das mentes mais brilhantes desse país"- disse Lins.

E os violeiros fizeram uma entoada em homenagem ao novo cidadão de Maceió. E assim, Luís Nascimento e Neildo Marcelino deram o recado ao som da viola. No improviso, o repente falou de um Aldo que ganhou o mundo. "Em qualquer parte do chão, esse Aldo é nota 10". E mais adiante ganhou nota mil, "saiu do Estado, mas conquistou o Brasil".

Aldo cantado em versos e prosas era só gratidão. O vereador doutor Cleber falou da honra e alegria de naquele plenário conceder o título de cidadão honorário da cidade de Maceió a uma uma personalidade que representa não apenas a história do nosso Estado, mas também o compromisso com o desenvolvimento e a justiça social de nosso país. E assim, o jornalista, escritor, político brasileiro, filiado do Movimento Democrático Brasileiro, com longa história pública-inclusive tendo ocupado diversos Ministérios, vindo de uma família humilde, do interior de Alagoas, ingressou no curso de Direito da Ufal, mas já se destacava como jornalista e militante político. "Seu nacionalismo marcou sua atuação política com propostas que buscavam reduzir estrangeirismo no idioma e preservar empregos contra a automação no setor público". Além de sua carreira política, Aldo é escritor. com obras que refletem sua visão sobre soberania, defesa nacional e história do Brasil.

Conhecido pelo pensamento crítico e pela defesa da autonomia brasileira, Aldo segue como uma figura de destaque no debate público nacional. O homenageado agradeceu a iniciativa e disse que o que mais agrada são as homenagens exageradas, remetendo-se aos repentistas que não pouparam elogios. E o que dizer do poema do professor Edson Moreira, que mesmo sendo do ano de 2000, Rebelo não tinha sido apresentado. Registrou e agradeceu a presença de autoridades presentes, amigos, familiares e do colega de infância do futebol da Rua Nova, em Viçosa, o cabo Chico do seu Raimundo. "O que cria o individuo para a política, para o trabalho, para a arte são valores importantes que você tem que cultivar. Se não tiver disciplina, hierarquia naquilo que você faz, acho difícil que alguém consiga realizar alguma coisa. Então, sou muito grato a Maceió que me permitiu ter essa convivência, integrar essa geração. Tenho gratidão pela nossa querida cidade (Maceió)", agradeceu ao fazer uma retrospectiva sobre os ilustres filhos de Maceió e alagoanos de outros lugares, mas de tamanha importância para a história da capital alagoana. "Em um pais cuja memória está sendo abandonada, torna-se mais importante a defesa dessa memória e dessa história".

A médica e assessora do Dr. Cleber, Taciana Lopes, relembra do desempenho do professor Edson pela homenagem, com ressalva que desde 2014 foi feita a proposta e 10 anos após foi possível realizar. Inclusive, foi Taciana quem ao encontra Rebelo falou do título que ele tinha para receber. É merecedor de toda homenagem. Por sua história, pela pessoa que é e por tudo que se propõe a fazer. Justa homenagem", comemorou.

Rebelo é cultura. Aldo, o garoto da Viçosa, é memória, é futuro e acima de tudo, presente. E o homenageado tão bem se encaixa no pensamento de Millôr Fernandes em que diz que 'viver é desenhar sem borracha".