Ao longo de sua trajetória política, Benedito de Lira foi um nome frequentemente associado ao baixo clero do Congresso Nacional, composto por parlamentares sem grande destaque nacional. No entanto, sua carreira teve momentos de visibilidade, especialmente nos bastidores da política. Dentre seus primeiros feitos de relevância na Câmara dos Deputados, destacam-se a relatoria e a proposição do arquivamento de processos disciplinares contra colegas. 

Em 1997, Lira fez parte do grupo que se posicionou contra a emenda constitucional que estabeleceria a reeleição para a presidência da República. Contudo, surpreendentemente, ele mudou de postura e votou favoravelmente à medida proposta por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que viabilizou a reeleição do presidente no ano seguinte. Na época, Benedito era um dos poucos integrantes do PFL (atualmente DEM) que se opunha à ideia, mas, após uma conversa com FHC e pressões de amigos e de seu filho, Arthur Lira, vereador de Maceió pelo PSDB, decidiu mudar de posição.

No Senado, o político alagoano também fez escolhas controversas. Em 2016, rompeu com o PT e votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, demonstrando sua inclinação a seguir a corrente oposicionista. Benedito de Lira também teve seu nome envolvido em escândalos de corrupção. Em 2006, o caso dos "sanguessugas", que tratava do desvio de verbas públicas para a compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares, veio à tona. 

Anos depois, o nome de Lira novamente foi associado à operação Lava Jato, com seu filho, Arthur Lira, também figurando nas investigações. De acordo com o doleiro Alberto Youssef, pai e filho teriam se beneficiado de recursos desviados da Petrobras, o que levou a uma denúncia formal contra ambos em 2015. Contudo, o Supremo Tribunal Federal rejeitou as acusações dois anos depois.

Em relação à acusação de envolvimento com o "quadrilhão do PP", as investigações seguiram um caminho complicado. Embora o Supremo tenha aceitado a denúncia em 2019, em 2021 a corte revisou sua decisão, arquivando a acusação contra Benedito de Lira na primeira instância. Em 2022, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais, Benedito de Lira, conhecido em Alagoas como "Biu de Lira", falou sobre a relação política com seu filho Arthur, presidente da Câmara dos Deputados. 

Ele minimizou a tensão gerada pelo apoio do filho a Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018, afirmando que, após o fim do pleito, a política deveria ser vista com uma perspectiva voltada para o futuro, independente de alianças passadas. "Em política, tem que ter um lado. Ele [Arthur Lira] era aliado de Bolsonaro, e isso ajudou muito o município aqui. Eu sou o prefeito, e ficamos com ele [Bolsonaro]. Terminou a eleição? Acabou. Vamos pensar no futuro", afirmou Benedito à Folha de S.Paulo.