JULGAMENTO
Caso Kléber Malaquias: réu diz que delegado forjou provas e o coagiu
Segundo o sargento José Mário, Lucimério Campos induziu o MPAL ao erro
Em depoimento durante juri popular nesta segunda-feira, 17, o sargento da Polícia Militar de Alagoas, José Mário, réu acusado de envolvimento na morte do empresário e ativista político Kleber Malaquias, afirmou que um dos delegados responsáveis pela investigação forjou provas e o coagiu.
Segundo o sargento, os delegados Lucimério Campos e José Carlos André -- atual Secretário Executivo de Gestão Interna da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AL) -- mentiram durante as investigações.
José Mário falou especialmente sobre Lucimério Campos, afirmando que o delegado forjou provas contra ele e que, por tê-lo "desafiado", foi coagido pelo delegado. Assim, Lucimério teria, segundo o réu, induzido o Ministério Público de Alagoas (MPAL) ao erro. O sargento classificou a postura de Lucimério como um "teatro".
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"Passou a forjar provas. Por que não fez busca e apreensão na minha casa? Por que não apreendeu o meu celular?”, indagou, durante o depoimento.
Mais cedo, o delegado Lucimério Campos depôs na condição de testemunha de acusação. O delegado, que na época do crime era titular da delegacia de Rio Largo, falou sobre o andamento da investigação. Durante o depoimento, Lucimério denunciou que houve "interferência política" para afastá-lo do inquérito, mas não citou nomes quando questionado.
O delegado iniciou o depoimento narrando aos jurados como foi o processo inicial da investigação sobre a morte de Kleber Malaquias. Ele disse que tinha conhecimento de que a vítima era ameaçada por conta das denúncias que fazia contra políticos.
Sobre o dia do crime, José Mário afirmou que se encontrou com Kleber no posto de combustíveis. Ele contou que cumprimentou a vítima e perguntou sobre a proposta de apoiar Gilberto Gonçalves na reeleição para prefeitura de Rio Largo. Kléber teria respondido que não ia ter tempo porque ia comemorar o aniversário.
A promotora de Justiça Lídia Malta indagou ao sargento José Mário por que o sargento Maurício teria ligado para ele antes do crime. José Mário negou e a promotora disse que apresentaria as provas. A defesa do sargento orientou que ele não respondesse mais as perguntas do MPAL.
Relembre o caso
Kleber Malaquias foi assassinado com dois tiros no dia de seu aniversário, em 15 de julho de 2020, dentro do Bar da Buchada, localizado na Mata do Rolo, em Rio Largo. A vítima era conhecida por fazer diversas denúncias contra políticos e por fornecer informações ligadas a essas mesmas denúncias à polícia e ao MPAL.
Nesta segunda-feira, 17, quatro dos réus denunciados pelo crime sentam no banco dos réus. Ao todo, sete pessoas são acusadas pelo MPAL pelo assassinato de Kleber, dentre elas, agentes e ex-agentes da segurança pública de Alagoas.
Em setembro de 2024, o delegado da Polícia Civil Daniel Mayer chegou a ser preso pela Polícia Federal sob a acusação de prejudicar as investigações da morte do empresário. Depois, o MPAL ajuizou uma ação civil pública e pediu o afastamento do delegado.