Quase cinco meses após o acidente com um ônibus na Serra da Barriga, em União dos Palmares, que resultou na morte de 20 pessoas e deixou outras 27 feridas, sobreviventes e familiares das vítimas cobram indenização. O inquérito policial foi concluído, mas sem apontar culpados — segundo a Polícia Civil, o acidente foi causado por falha mecânica.

O acidente aconteceu no dia 24 de novembro de 2024, quando um ônibus escolar cedido pela prefeitura de União dos Palmares caiu de uma ribanceira de mais de 400 metros, em uma área de mata de difícil acesso. O veículo levava 48 passageiros para uma programação do Mês da Consciência Negra.

O ônibus permanece no local do acidente devido ao risco de um novo deslizamento na área. A Polícia Civil informou que o inquérito foi encerrado sem responsabilização, já que não foi possível realizar a perícia no veículo. A ausência do laudo técnico inviabilizou a identificação da dinâmica do acidente e de possíveis negligências que possam ter contribuído para a tragédia.

O motorista do ônibus, Luciano de Queiroz Araújo, de 47 anos, morreu no acidente. A viúva de Luciano relatou que ele havia identificado problemas no veículo ainda no dia da viagem, especialmente no sistema de freios.

Apesar do encerramento do inquérito penal, os advogados das vítimas defendem que a prefeitura tem responsabilidade civil objetiva sobre o ocorrido. “Mesmo que se pague o valor que seja, não vai reparar o trauma que todos sofreram. Mas vamos fazer cumprir a lei para que as pessoas sejam indenizadas pelos danos”, afirmou Napoleão Junior, que representa os sobreviventes, ao portal TNH1.

Segundo ele, além das 20 mortes, os sobreviventes enfrentam sequelas físicas e emocionais. “Houve lesões corporais gravíssimas, e entendemos que houve um dolo específico, já que o veículo apresentava problemas mecânicos e foi usado em uma estrada com condições perigosas. Quem autorizou isso assumiu os riscos de um resultado trágico.”

A prefeitura de União dos Palmares declarou que o ônibus estava com todas as vistorias em dia e que os documentos foram repassados aos órgãos competentes.