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Alagoana de 116 anos pode ser a mulher mais velha do mundo

Documentos de Joana do Espírito Santo apontam nascimento em 1909
Por Redação 21/09/2025 - 07:20
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Carlos Madeiro/UOL
Joana do Espírito Santo, que mora em Rio Largo
Joana do Espírito Santo, que mora em Rio Largo

Natural de Alagoas, Joana do Espírito Santo pode carregar um título histórico: o de mulher mais velha do mundo ainda viva. Aos 116 anos, segundo a data de nascimento registrada em sua carteira de identidade — 2 de fevereiro de 1909 —, a idosa residente na região metropolitana de Maceió ultrapassa em meses a atual recordista do ranking internacional LongeviQuest, a britânica Ethel Caterham, nascida em agosto do mesmo ano.

Nascida em 1909, no município de Capela, ela viu o mundo se transformar diante de seus olhos. Presenciou a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, acompanhou a conquista do voto feminino, a chegada da televisão, a corrida espacial, o regime militar no Brasil e a redemocratização do país. Também enfrentou enchentes, pandemias e vivenciou o avanço das tecnologias digitais que mudaram o cotidiano das novas gerações.

A vida de Joana é marcada por simplicidade e resistência. Ela mora em uma casa modesta, custeada pelo benefício da aposentadoria, e recebe cuidados de uma filha e do genro. Ao longo da vida, deu à luz 21 filhos, trabalhou décadas cortando cana-de-açúcar em Murici e nunca teve a oportunidade de aprender a ler ou escrever. Ainda assim, atravessou mais de um século mantendo a lucidez e a saúde em dia.

Em entrevista à imprensa, dona Joana falou um pouco sobre sua história de vida. "Cortei cana, arrumei cana, tudo isso eu fiz para dar de comer aos meus filhos", relembrou. A idosa também gosta de cantar. Nas reportagens, ainda soltou a voz para cantarolar uma antiga marchinha de carnaval: "Acorda, Maria Bonita Levanta, vai fazer o café. Que o dia já vem raiando. E a polícia já está em pé."

A possibilidade de reconhecimento oficial, no entanto, enfrenta obstáculos. O LongeviQuest, responsável por reunir dados das pessoas mais velhas do planeta, exige a apresentação de registros originais de nascimento. No caso de Joana, o documento foi perdido após enchentes devastarem cartórios em Alagoas em 2010, situação que atingiu diversos moradores do estado.

Além da carteira de identidade, a idosa possui outros comprovantes que reforçam sua idade, como Carteira de Trabalho e filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Murici. Mas, sem a certidão de nascimento, a inclusão no ranking internacional se torna improvável. Mesmo fora das listas oficiais, a trajetória de Joana emociona familiares, vizinhos e a comunidade alagoana. 


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