Maceió
Genro que matou sogra e descartou corpo em geladeira é julgado
Vítima não queria o relacionamento do suspeito com a filha de 13 anos, que participou do crime
A Justiça decide nesta segunda-feira, 20, o destino de Leandro dos Santos Araújo, de 23 anos, genro que matou a sogra Flávia dos Santos Carneiros, a golpes de faca e descartou seu corpo em área de mata no bairro Guaxuma, em Maceió, dentro de uma geladeira. O crime aconteceu em março do ano passado.
O promotor de Justiça Marcus Mousinho, da 49ª Promotoria de Justiça da Capital, sustenta a tese de homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, meio cruel e feminicídio, além de crime por ocultação de cadáver.
A investigação concluiu que a vítima tentou se defender dos golpes desferidos pelo namorado da filha, porém, não resistiu aos ferimentos. Ela recebeu 20 facadas, a maioria no pescoço, segundo laudo do Instituto Médico Legal.
O corpo da vítima ficou na geladeira por quatro dias na casa em que ela foi assassinada. Só depois disso, os dois réus jogaram o refrigerador numa área de vegetação.
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A policial civil Vanessa Queiroz, da Oplit e que fez a prisão dos suspeitos junto com um colega disse ao depor no júri que a equipe foi acionada pelo delegado Roberval Davino para averiguar o descarte do eletrodoméstico, que poderia ter um corpo dentro. A geladeira estava com um lacre e verificaram que tinha algo dentro. Então, acionaram a Delegacia de Homicídios, que confirmou que havia o corpo de uma mulher.
A policial também informou que foi à casa da pessoa que contratou o carro de um frentista para fazer o descarte do eletrodoméstico. Detiveram o pai do assassino e foram à casa onde estava a filha da vítima, namorada de Leandro. A policial disse que acharam estranho ter tudo na casa, menos uma geladeira, então apreenderam a adolescente e ela acabou confessando o crime.
A testemunha também disse que o pai [ Ademir} confessou ter ajudado o filho na ocultação do cadáver e que ele e a nora teriam matado a garçonete.
Ao ser abordada pela polícia, a menor [Milena] teria dito, a princípio, que a última vez que a viu a mãe foi numa sexta-feira anterior a crime e que estava morando com um colombiano.
A policial disse que o frentista contratado para descartar a geladeira admitiu ter feito o transporte do eletrodoméstico e garantiu que não sabia que ele seria descartado.
O homem contou que eles colocaram a geladeira no carro e que seria levada a uma residência no Benedito Bentes. "Rodaram muito e depois disseram, que iam pra Riacho Doce, mas mandaram entrar à direita e disseram que iam descartar. Aí eu pedi a geladeira. Uma geladeira nova quem não queria? Mas, ele disse que a geladeira tinha uma macumba. Aí fiquei achando estranho a pessoa jogar uma geladeira nova. Eles chegaram lá no local e jogaram. Ela saiu embolando. Eles voltaram pro carro, a estrada era estreita e tive que sair de ré".
Segundo o frentista, pai e filho voltaram com ele, desceram perto de um colégio no Jacintinho, e saíram conversando numa boa como se nada tivesse ocorrido. O julgamento ainda não tem hora para ser concluído.
O réu
A sustentação do réu Leandro dos Santos é de que agiu em legítima defesa. Ele disse que usou a faca de cortar carne para cometer o crime. Disse que tinha saído do trabalho, a que a Milena pediu pra pegá-la na escola. Uma vez na residência, ela disse para esperar a mãe. No depoimento, Leandro afirmou que foi xingado e ameaçado pela vítima, que não queria o namoro dele com a menina de 13 anos. Disse que tentou sair, mas ficou com a namorada na sala e isso teria provocado raiva na mãe da menor.
Ele também afirmou que a menor pegou a faca e gritou pra ele matar a mãe del, após os dois terem se agredido e a vítima ter caído. Então ele teria "sido possuído por uma entidade" e aplicou os golpes. Sobre colocar o corpo na geladeira, Leandro contou ao juiz que, após limparem o lugar, ficaram se perguntando o que fazer. Aí ele disse que o pai foi quem tirou os gradeados da geladeira para acomodar o corpo, que só colocaram na geladeira no outro dia.



