Em um texto publicado no Jornal da Paraíba, nesta quarta-feira, 22, o jornalista Sílvio Osias relembra a genialidade do alagoano Hermeto Pascoal, definindo seu jazz como “tão bom quanto o melhor jazz do mundo”. O artigo destaca a redescoberta do show de Hermeto no Festival de Montreux, em 1979, cuja gravação completa está agora disponível no YouTube — uma performance que, segundo Osias, “deixou a plateia estarrecida”.

Hermeto, que nasceu no interior de Alagoas e começou a fazer música ainda criança, “literalmente no mato”, usando um canudo de mamoeiro como instrumento, construiu uma trajetória singular. Depois de se profissionalizar no Recife e passar por João Pessoa, o multi-instrumentista migrou para o Sudeste, onde se destacou com o Quarteto Novo antes de conquistar reconhecimento internacional.

No fim dos anos 1960, Hermeto conheceu Miles Davis, que o descreveu como “um dos músicos mais impressionantes” com quem já tocou. O encontro entre os dois mestres resultou em admiração mútua e ajudou a projetar o alagoano no cenário do jazz mundial.

No registro de Montreux, Hermeto comanda uma banda formada por Itiberê Zwarg (baixo), Nivaldo Ornelas (sax), Rosemarie Pitdner (percussão) e Nenê (bateria). Entre teclados, clavieta, flauta e sax, o artista mistura o jazz de improviso com os ritmos nordestinos, criando um som inconfundível — aquilo que Caetano Veloso chamou de “Hermetismos Pascoais”. 

Para Sílvio Osias, o álbum duplo e o vídeo do show têm valor histórico e artístico inestimável: “O álbum de Hermeto Pascoal em Montreux pode figurar em qualquer lista de grandes discos de jazz ao vivo. Não deixa absolutamente nada a dever a nenhum deles.”

Mais de quatro décadas depois, o espetáculo de Hermeto segue inspirando músicos e ouvintes. Como conclui Osias, Miles Davis sabia o que dizia: o jazz de Hermeto é mesmo como o melhor jazz do mundo. Hermeto Pascoal morreu no dia 13 de setembro, deste ano, no Rio de Janeiro.