BOLSA DE VALORES

Ibovespa inicia semana em alta de 1,02%, aos 101,8 mil pontos

Dólar encerrou a sessão cotada a R$ 5,0661, em alta de 0,16%
Por Estadão Conteúdo 11/04/2023 - 04:20
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Divulgação
Dólar e Real, relação de altos e baixos
Dólar e Real, relação de altos e baixos

Vindo de duas perdas, o Ibovespa sustentou ganho em torno de 1% em boa parte desta abertura de semana, com liquidez também contida desde o exterior, em meio ao prosseguimento do feriado de Páscoa nos principais mercados europeus. Nos Estados Unidos, as bolsas se ajustaram ao payroll de sexta-feira e fecharam a sessão desta segunda-feira, 10, em variação estreita, entre leve ganho de 0,30% (Dow Jones) e perda de 0,03% (Nasdaq). Os mercados americanos refletiram também a cautela sobre a geopolítica, com a realização de exercícios militares com munição real pela China em torno de Taiwan, em reação à visita da líder política da ilha aos Estados Unidos.

Aqui, a referência da B3 subiu 1,02%, aos 101.846,64 pontos, entre mínima de 100.819,10 e máxima de 102.195,62, saindo de abertura aos 100.821,82 pontos. O giro desta segunda-feira ficou em R$ 20,3 bilhões na B3. Em abril, o Ibovespa quase zera perdas do mês (-0,03%) neste dia 10, ainda recuando 7,19% no ano.

Das últimas seis sessões, desde 31 de março, foi apenas o segundo ganho para o índice da B3. Em fechamento, a linha dos 102 mil pontos ainda não foi vista neste começo de abril, após o Ibovespa ter encerrado a sessão do último dia 30 aos 103,7 mil pontos. A faixa dos 100 aos 101 mil pontos predomina nos fechamentos desde 17 de março, tendo o Ibovespa resvalado para baixo dos seis dígitos em três ocasiões, nos encerramentos entre 23 e 27 de março.

Hoje, "com liquidez limitada, o Ibovespa teve um 'catch up' realinhamento de preços. Com as ações de commodities e de bancos avançando, mesmo sem a contribuição do petróleo e do minério de ferro na sessão, o índice acaba vindo junto. A sessão foi positiva também entre as ações de menor liquidez, as small caps", o que mostra uma busca generalizada por ativos na B3 nesta abertura de semana, observa Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Assim, apesar do recuo em torno de 1% para o petróleo à tarde, Petrobras ON e PN fecharam o dia em alta, respectivamente, de 2,66% e 2,13%. Vale ON, por sua vez, subiu 1,93%, em dia de recuo de 1,83% para o minério de ferro em Dalian, na China. Entre as ações de grandes bancos, os ganhos chegaram a 1,15% (Bradesco PN) no encerramento da sessão. Na ponta do Ibovespa, destaque para 3R Petroleum (+5,65%), Alpargatas (+4,27%), Locaweb (+4,24%) e Braskem (+3,99%). No lado oposto, Hypera (-3,41%), Méliuz (-3,37%), Petz (-3,33%), Taesa (-3,14%) e Rede D'Or (-2,38%).

Também entre as maiores perdedoras do dia, Sabesp caiu 1,85%. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou hoje que a possível privatização da Sabesp não implica venda total da participação societária do Estado, o que desanimou parte dos investidores nas ações da empresa de saneamento.

No quadro mais amplo, a semana reserva dados como o IPCA (amanhã), no Brasil, e também novas leituras sobre a inflação americana, tanto ao consumidor (CPI) como ao produtor (PPI). Nos Estados Unidos, atenção também para o início da temporada de resultados corporativos do primeiro trimestre, a começar pelos números dos bancos, que entraram no foco de atenção em março após dificuldades em instituições regionais, de menor porte.

"Nesta sexta-feira, saem os primeiros balanços corporativos nos Estados Unidos, com destaque para os bancos (Morgan Chase, Wells Fargo e Citigroup). Os balanços nesta temporada serão importantes para entender qual é o estrago no sistema financeiro após os problemas de liquidez nos bancos regionais", aponta em nota a Guide Investimentos.

Dólar


O dólar à vista iniciou a semana em leve alta no mercado de câmbio doméstico, em sintonia com a onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Após dados do relatório de emprego (payroll) nos EUA em março, na sexta-feira, 7, mostrarem que o mercado de trabalho americano segue apertado, voltaram a ser majoritárias as apostas em alta de 25 pontos-base da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) em maio.

Segundo analistas, a busca pela moeda americana também é alimentada pela expectativa do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA, que sai na quarta-feira, 12, e pelo aumento das tensões políticas entre EUA e China em relacionadas a Taiwan. Ao quadro externo de baixo apetite ao risco somam-se ajustes técnicos, em meio à expectativa sobre o envio Câmara dos Deputados do texto final da nova proposta de arcabouço fiscal. Declarações de Lula em reunião ministerial para marcar 100 dias de governo foram monitoradas, mas não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio.

Tirando uma queda bem pontual nos primeiros minutos do pregão, o dólar operou com sinal positivo ao longo do dia. Com máxima a R$ 5,0934 (+0,70%), a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 5,0661, em alta de 0,16%. A divisa acumula ligeira baixa em abril (-0,5%) e desvalorização de 4,05% no ano. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato futuro de dólar para maio teve giro baixo, inferior a US$ 10 bilhões.

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em alta firme, superando a linha dos 102,500 pontos. O iene caiu mais de 1% ante à moeda americana, após o novo presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, afirmar que não pretende alterar no curto prazo a política monetária extremamente frouxa.

Segundo o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, os dados do payroll, embora em linha com o esperado, mostram que o mercado de trabalho segue apertado, o que lança dúvidas sobre o espaço para o Fed interromper o aperto monetário "O emprego é a ponta final de um processo de desaceleração econômica. Vamos ver como vem o CPI, mas ainda acredito que não haverá novo aumento dos juros nos EUA", diz Velloni.

Por aqui, o mercado espera pelo texto do novo arcabouço fiscal. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta será enviada ao Congresso junto com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que precisa chegar ao Legislativo até o dia 15. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que, após aterrissar na Casa, o texto da nova regra fiscal pode ir à votação em um mês. Em reunião ministerial, Lula defendeu Haddad, ao dizer que quando se trata de economia nunca haverá "100% de solidariedade" e afirmou que o "arcabouço fiscal traz soluções realistas e seguras para o equilíbrio das contas públicas".

Juros


Numa sessão de oscilações limitadas e baixa liquidez, os juros futuros de curto prazo terminaram o dia em queda, enquanto os longos ficaram perto da estabilidade. O IGP-DI de março abaixo do estimado, somado a mais uma pesquisa Focus apontando relativa estabilidade nas medianas de inflação, influenciou as taxas até o miolo da curva e as longas estiveram à deriva, atreladas ao ambiente externo. Chegaram a subir na primeira parte da sessão, mas zeraram a alta, acompanhando a desaceleração do avanço dos yields dos Treasuries e do dólar. A pouca inspiração para os negócios teve como pano de fundo a cautela com a agenda da semana, com destaque para o IPCA amanhã e, na quarta-feira, inflação nos Estados Unidos e ata do Federal Reserve.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,21%, de 13,25% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 12,03% para 11,97%. A do DI para janeiro de 2027 fechou em 11,97%, de 11,98%, e a do DI para janeiro de 2029 em 12,38%, de 12,36%.

Com o desempenho das taxas hoje, a curva teve ganho de inclinação, na contramão do "flattening" visto no fim da semana passada, marcada pela percepção de que o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos estava próximo. Mas os dados do payroll que saíram na sexta-feira, quando os mercados estavam fechados, não autorizaram otimismo sobre a manutenção dos juros por lá, elevando as apostas de alta de 25 pontos-base em maio, antes do índice de inflação ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, em inglês) e da ata do Fed. A curva dos Treasuries teve abertura moderada e o dólar ganhou força, impondo um viés de alta aos DIs longos em boa parte da sessão.

O desenho da curva também reflete as reservas quanto ao cenário fiscal. O bônus da apresentação do arcabouço para os ativos parece ter se esgotado e agora a proposta precisa avançar para gerar uma nova leva de alívio nos prêmios. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o texto não terá alteração, está em fase de trabalho de redação e deve ser enviado até sexta-feira ao Congresso.

Nos DIs curtos, a dinâmica foi ditada pela agenda local. "O IGP-DI abaixo do piso ajuda a reduzir as taxas curtas, além da relativa estabilidade das medianas de IPCA na pesquisa Focus", comentou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. A deflação de 0,34% do índice em março foi maior do que apontava o piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,26%. Em fevereiro, havia mostrado variação de +0,04%. Ainda que puxado pelos preços do atacado - o IPA caiu 0,71% e o IPC subiu 0,74% -, o IGP-DI favoreceu o clima de espera pelo IPCA amanhã.

A mediana das estimativas para o IPCA de março é de 0,77%, o que representaria um arrefecimento ante fevereiro (0,84%). No acumulado em 12 meses, o índice deve ficar em 4,71% (mediana), o que representaria forte alívio ante os 5,60% em fevereiro.

No Boletim Focus, as mediana de IPCA de curto prazo oscilaram marginalmente, com a de 2023 passando de 5,96% para 5,98% e a de 2024, de 4,13% para 4,14%. As de longo prazo, às quais o BC têm chamado a atenção, permaneceram em 4%, tanto para 2025 quanto para 2026. As medianas para a Selic seguiram em 12,75% (fim de 2023) e 10,00% (fim de 2024).

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