POLÍCIA

Marielle Franco: família Brazão tem ligação com o caso; entenda

Em delação à Polícia Federal, Ronnie Lessa acusou Domingos Brazão de ser o mandante do assassinato da vereadora
Por Redação 23/01/2024 - 15:30

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© Marcelo Freixo/Wikimedia Commons
Marielle
Marielle

O site Intercept Brasil trouxe à tona uma reviravolta no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Nesta terça-feira (23), Ronnie Lessa, ex-policial militar condenado pela morte do casal, fez uma delação à Polícia Federal, implicando Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, como um dos mandantes do atentado.

A delação de Lessa, preso desde março de 2019 e condenado em julho de 2021 por destruir provas relacionadas ao caso Marielle Franco, ainda aguarda homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Brazão possui foro privilegiado. As revelações adicionam mais um capítulo intrigante a um dos casos mais emblemáticos e controversos da história recente do Brasil.

O envolvimento de Domingos Brazão no assassinato de Marielle não é uma novidade completa. Em outubro de 2019, Raquel Dodge, então Procuradora Geral da República, apresentou uma denúncia ao STJ apontando Brazão como um dos mandantes. Dodge, em seu último ato à frente da PGR, recomendou a federalização do caso, medida posteriormente acatada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A família de Marielle expressou preocupações quanto à possível influência de milicianos nas investigações, levando à federalização para evitar interferências locais que pudessem comprometer a apuração do crime. O receio era que criminosos ganhassem tempo para eliminar provas ligadas à execução.

Domingos Brazão, ex-deputado estadual citado anteriormente no relatório final da CPI das Milícias em 2008, também foi apontado como possível mandante por motivos de vingança. A ministra Laurita Vaz, do STJ, cogitou essa possibilidade, considerando a atuação de Marcelo Freixo, então deputado e presidente da CPI das Milícias, que teve Marielle Franco como assessora.

A investigação revelou, em 2020, a existência de uma "bancada da milícia" na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, incluindo Chiquinho Brazão, irmão de Domingos. Chiquinho, atual secretário de Ações Comunitárias da Prefeitura do Rio de Janeiro, era vereador na época do assassinato de Marielle. Um relatório da Polícia Federal indicou indícios de briga eleitoral por trás do crime, destacando as áreas dominadas pela milícia como foco de votação expressiva de Marielle nas eleições de 2016.

A trama complexa do caso Marielle Franco ganha novos contornos com a delação de Ronnie Lessa, prometendo reacender o debate sobre a segurança pública, a influência das milícias e a necessidade de justiça para a vereadora e seu motorista assassinados em 2018.


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