ECONOMIA

Atacado por Trump, PIX é inegociável e deve avançar com versão parcelada

Foco da insatisfação são as operadoras de cartões de crédito, que perdem espaço para o PIX
Por Redação 28/07/2025 - 15:57
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Agência Brasil
Apesar dos ataques do presidente Donald Trump ao Pix, o sistema de pagamentos continua avançando pelo mundo
Apesar dos ataques do presidente Donald Trump ao Pix, o sistema de pagamentos continua avançando pelo mundo

O avanço do PIX no Brasil provoca atritos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e deve incomodá-lo ainda mais a partir de setembro. Trump decidiu incluir as operações do PIX em uma lista de práticas consideradas desleais por parte do Brasil, sob a justificativa de proteger empresas norte-americanas que atuam no setor de pagamentos.


O foco da insatisfação da Casa Branca são as operadoras de cartões de crédito, que enfrentam crescente perda de espaço para o sistema desenvolvido pelo Banco Central. E o cenário tende a se intensificar: a partir de setembro, o Banco Central lançará o PIX parcelado, uma nova modalidade que permitirá o pagamento de compras em prestações, inclusive para os cerca de 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito, mas têm uma chave PIX. As informações são do G1.

A ferramenta, elogiada até mesmo pelo economista e prêmio Nobel Paul Krugman, é vista pelo governo Lula (PT) como uma inovação estratégica e um instrumento democrático de inclusão financeira. Diante disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu que o PIX está fora de qualquer tipo de negociação internacional.

A avaliação política do Palácio do Planalto é de que se opor ao PIX ou se submeter a pressões dos EUA contra o método de pagamento teria um efeito negativo devastador, dada a ampla aceitação popular da ferramenta entre brasileiros de todas as vertentes ideológicas.

O embate com Trump revela o pano de fundo da disputa: os interesses comerciais de gigantes do setor financeiro americano diante da autonomia e inovação do sistema bancário brasileiro. Com a chegada do PIX parcelado, não apenas os usuários sem acesso ao crédito tradicional se beneficiarão. Muitos consumidores com cartão deverão optar pela nova modalidade para fugir de juros altos, ampliando ainda mais a adesão ao sistema gratuito do BC.

Enquanto isso, o governo Lula segue firme em sua defesa: o PIX é visto como um patrimônio nacional e um dos maiores símbolos de eficiência digital do Estado brasileiro. 

Avanço nos EUA

Apesar dos ataques do presidente Donald Trump ao Pix, o sistema de pagamentos continua avançando pelo mundo. Oferecido a turistas brasileiros em diversos países, agora ele chega em larga escala aos EUA, por meio de uma parceria entre as empresas de pagamentos norte-americana Verifone e a brasileira PagBrasil.

Até então, o Pix podia ser feito nos EUA por meio de chaves já existentes de lojistas brasileiros. Agora, os varejistas norte-americanos poderão ativar o Pix em suas maquininhas e oferecê-lo como forma de pagamento.

Há três anos, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, do inglês) já revelava, em um documento oficial, que o país estava preocupado com os impactos da popularização da plataforma brasileira de pagamentos instantâneos, em uso desde novembro de 2020.

“Os Estados Unidos estão monitorando de perto os desenvolvimentos relacionados ao mercado de pagamentos eletrônicos de varejo no Brasil para garantir que o Banco Central [BC] brasileiro facilite condições equitativas para todos os participantes do mercado, dado o papel duplo do BC como regulador e operador do Pix, um serviço de pagamento de varejo em tempo real”, apontou o USTR em seu relatório anual sobre as perspectivas das exportações.

O Pix movimentou R$ 26,45 trilhões em 2024, com um aumento de 54,6% em relação ao ano anterior, consolidando-se como o principal meio de pagamento eletrônico no Brasil. Em número de transações, foram mais de 63,5 bilhões de operações em um único ano. O sucesso é atribuído à gratuidade para pessoas físicas, à instantaneidade e à adesão obrigatória das instituições reguladas.

Nos EUA, o sistema mais próximo a isso seria o Zelle, operado por bancos privados e com adesão parcial da população. Embora o Zelle seja gratuito na maioria dos casos, não tem alcance nacional total e depende de acordos bilaterais entre instituições.


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