Rainha da Sucata

Como Maria do Carmo driblou o confisco da poupança de Collor

Novela teve 30 capítulos reescritos após o confisco decretado pelo ex-presidente
Por Redação 24/10/2025 - 06:17
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Divulgação
Regina Duarte como "Maria do Carmo", em Rainha da Sucata
Regina Duarte como "Maria do Carmo", em Rainha da Sucata

Quando Rainha da Sucata estreou na TV Globo, em abril de 1990, o Brasil vivia o impacto do confisco da poupança decretado pelo governo de Fernando Collor de Mello. A medida bloqueou saldos de contas bancárias, cadernetas de poupança e aplicações financeiras, afetando empresas e famílias de todo o país. A novela, escrita por Silvio de Abreu e estrelada por Regina Duarte e Tony Ramos, foi surpreendida por esse novo contexto econômico — e precisou se reinventar para continuar coerente com a realidade.

A trama original mostrava Maria do Carmo, filha de um vendedor de ferro-velho que se tornava empresária bem-sucedida e passava a conviver com a elite paulistana. O sucesso da personagem simbolizava a ascensão de uma nova classe empreendedora em um país de contrastes sociais. No entanto, com o confisco, seria contraditório manter uma protagonista rica que não enfrentasse as mesmas dificuldades financeiras do público.

Para ajustar o roteiro, Silvio de Abreu reescreveu cerca de 30 capítulos, e o diretor Jorge Fernando precisou refazer diversas cenas. A solução encontrada foi alterar a origem do dinheiro de Maria do Carmo: em vez de ter recursos aplicados no sistema financeiro — que foram bloqueados pelo plano econômico —, ela passou a possuir capital investido em uma construção. Dessa forma, sua fortuna não foi afetada diretamente pelo confisco.

A mudança, embora sutil, teve papel para preservar o ritmo da narrativa. Assim, Rainha da Sucata pôde manter seu enredo central — o embate entre a emergente Maria do Carmo e as famílias tradicionais da elite paulista — sem destoar do clima de incerteza que dominava o país naquele momento.

Com essa adaptação, a novela continuou refletindo as transformações econômicas e sociais do Brasil do início da década de 1990, tornando-se um marco da teledramaturgia. O folhetim alcançou grande sucesso de público, foi exportado para mais de dez países e já foi reprisado anteriormente no “Vale a Pena Ver de Novo”. A nova reapresentação estreia no dia 3 de novembro na TV Globo.


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