Rio de Janeiro
Pastor ligado ao Comando Vermelho é acusado de extorquir empresários
Líder comunitário usava imagem religiosa para cobrar taxas de até R$ 100 mil
Por anos, Cláudio Correia da Silva, 52 anos, circulou nas imediações da Refinaria Duque de Caxias (REDUC) como pastor evangélico e representante comunitário. A imagem, construída em cultos, reuniões e visitas a galpões, sustentava uma reputação de conciliador. Mas, segundo a Polícia Civil, essa fachada escondia um dos operadores mais influentes do Comando Vermelho na Baixada Fluminense.
Segundo as investigações, ele seria o principal articulador da estrutura armada pelo Comando Vermelho para controlar trabalhadores e impor cobranças ilegais, um braço financeiro ligado ao traficante Joab da Conceição Silva, considerado líder do crime na região.
A atuação dele ganhou destaque nesta quarta-feira, durante a Operação Refinaria Livre, deflagrada pela DRE, DRE-BF e 60ª DP, que cumpriu mandados de prisão e busca contra integrantes da organização criminosa. Embora Cláudio já estivesse preso havia duas semanas, o mandado referente a esse inquérito foi formalmente cumprido nesta quinta-feira, 27. Ele possui quatro anotações criminais por roubo.
Segundo a polícia, Cláudio usava a posição de pastor para circular com facilidade entre empresas, oferecendo suposta mediação de conflitos e se apresentando como alguém que poderia “resolver problemas”. Na prática, porém, exercia função de coerção, impondo regras ditadas diretamente pelo tráfico. Empresários relataram que eram obrigados a pagar semanalmente valores que variavam de R$ 50 mil a R$ 100 mil para manter suas atividades sem interferências criminosas.
Investigadores afirmam ainda que a facção planejava lançar o pastor como candidato a vereador, ampliando sua influência sobre a região e facilitando a expansão das cobranças ilegais. Para a polícia, o uso da imagem religiosa era um dos pilares que sustentavam o esquema: garantia acesso, confiança e justificativas para visitas constantes, sempre sob a fachada de “representante comunitário”.



