Rio de Janeiro

Pastor ligado ao Comando Vermelho é acusado de extorquir empresários

Líder comunitário usava imagem religiosa para cobrar taxas de até R$ 100 mil
Por Larissa Cristovão - Estagiária sob supervisão 27/11/2025 - 19:52
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Reprodução
Líder comunitário acusado de extorquir empresários
Líder comunitário acusado de extorquir empresários

Por anos, Cláudio Correia da Silva, 52 anos, circulou nas imediações da Refinaria Duque de Caxias (REDUC) como pastor evangélico e representante comunitário. A imagem, construída em cultos, reuniões e visitas a galpões, sustentava uma reputação de conciliador. Mas, segundo a Polícia Civil, essa fachada escondia um dos operadores mais influentes do Comando Vermelho na Baixada Fluminense.

Segundo as investigações, ele seria o principal articulador da estrutura armada pelo Comando Vermelho para controlar trabalhadores e impor cobranças ilegais, um braço financeiro ligado ao traficante Joab da Conceição Silva, considerado líder do crime na região.

A atuação dele ganhou destaque nesta quarta-feira, durante a Operação Refinaria Livre, deflagrada pela DRE, DRE-BF e 60ª DP, que cumpriu mandados de prisão e busca contra integrantes da organização criminosa. Embora Cláudio já estivesse preso havia duas semanas, o mandado referente a esse inquérito foi formalmente cumprido nesta quinta-feira, 27. Ele possui quatro anotações criminais por roubo.

Segundo a polícia, Cláudio usava a posição de pastor para circular com facilidade entre empresas, oferecendo suposta mediação de conflitos e se apresentando como alguém que poderia “resolver problemas”. Na prática, porém, exercia função de coerção, impondo regras ditadas diretamente pelo tráfico. Empresários relataram que eram obrigados a pagar semanalmente valores que variavam de R$ 50 mil a R$ 100 mil para manter suas atividades sem interferências criminosas.

Investigadores afirmam ainda que a facção planejava lançar o pastor como candidato a vereador, ampliando sua influência sobre a região e facilitando a expansão das cobranças ilegais. Para a polícia, o uso da imagem religiosa era um dos pilares que sustentavam o esquema: garantia acesso, confiança e justificativas para visitas constantes, sempre sob a fachada de “representante comunitário”.


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