PANDEMIA
Alagoanos com sintomas da covid-19 relaxam na procura por testes para diagnóstico
Sensação de segurança com o avanço da vacinação e sintomas mais brandos da doença afastam população das centrais de testagem no estado.jpg)
O avanço da vacinação para frear a transmissão do coronavírus e os efeitos mais brandos da covid-19 têm feito a população alagoana minimizar a importância dos testes para detecção do vírus. O comportamento é considerado de risco pelo presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Fernando Maia, e pode contribuir para recrudescimento da doença, que ainda é uma pandemia.
A covid-19 parece controlada em Alagoas, com baixo registro no número de casos e óbitos. Esta semana, por exemplo, por dois dias consecutivos o estado não notificou nenhuma morte decorrente da doença. Mas, a testagem sempre será estratégia essencial para monitorar e frear o espalhamento do vírus, especialmente com o surgimento de novas variantes, como a Ômicron.
No Brasil, assim como em outros países, os sintomas da covid-19 reportados pelos profissionais da saúde – em função do avanço da vacinação – são menos graves que no começo da pandemia e mais parecidos aos de uma gripe. Por conta disso, as pessoas relaxaram na hora de procurar os serviços de saúde para testagem. “É um comportamento complicado. A pessoa deixa de saber se foi infectado pelo coronavírus e deixa de fazer o tratamento adequado. Isso pode contribuir para o desenvolvimento de formas mais severas da covid-19”, alerta o médico.
Na realidade, o país nunca fez testagem em quantidade suficiente para monitorar o comportamento da pandemia. Atualmente os estoques dos testes rápidos (TR) e do kit amplificação (RT-PCR) estão ficando nas prateleiras das unidades específicas para o exame. Isso ocorre também em Alagoas.
Neste mês de dezembro (até o dia 12) apenas 1.302 pessoas em todo o estado fizeram testes para detectar o coronavírus, segundo dados do Laboratório Central (Lacen). Na quarta-feira, 14, foram realizados apenas 184 testes covid-19, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
A redução na testagem é grande, mesmo considerando o atual cenário da pandemia. Em janeiro foram realizados mais de 6.300 testes rápidos em 31 dias somente na Central de Triagem que funcionava no Trapiche, em Maceió. No mês seguinte, em apenas 15 dias a central já havia coletado 2.100 testes rápidos. Em outubro, a unidade foi desativada em função da baixa procura pelo atendimento e mudança nos indicadores da pandemia.
O boletim epidemiológico do último domingo (12) informa que a rede dispõe de um estoque de 106.310 testes rápidos e 17.944 kits amplificação ou RT-PCR (o chamado exame do cotonete) para diagnóstico. Há um ano, em 12 de dezembro, esse estoque era de 5.625 testes rápidos e 37.968 do tipo RT-PCR.
A vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Lígia Kerr, alerta que “o ideal é continuar monitorando com os testes”. Segundo ela, as vacinas não conferem imunidade completa contra o coronavírus, e é de estrema necessidade que o país saiba quantos casos, de fato, estão acontecendo na comunidade.
“Outro motivo [para testar] são as variantes: é essencial fazer os testes para detectar mudanças de cepa ou alguma evolução na epidemia”, explica a médica. Considerando que boa parte da população já fechou o ciclo vacinal, fica mais complicado acompanhar como a pandemia está evoluindo sem a realização dos testes em quem apresenta sintomas compatíveis com a covid-19. O maceionse com sintomas da covid-19 pode fazer a testagem nas UPAs da Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Jacintinho e Jaraguá.
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