LUTO NA CULTURA
Morre mestre Nelson, Rei do folguedo Quilombo, aos 76 anos
Natural de Limoeiro de Anadia, mestre Nelson brincava como rei desde 1986Faleceu aos 76 anos o mestre Nelson, Rei do folguedo Quilombo, importante folguedo da cultura alagoana. A morte de Nelson Antônio da Silva, em decorrência de complicações com um AVC, foi confirmada pela Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano (FOCUARTE) nesta quinta-feira, 18.
Natural de Limoeiro de Anadia, desde 1986 mestre Nelson brincava como Rei no famoso folguedo “Quilombo”. Em 2020, passou a responsabilidade para o seu filho devido à idade. A FOCUARTE informou que suspenderá suas atividades por 3 dias "em memória deste importante vulto da cultura alagoana".
De acordo com as pesquisas do Profº Gilberto Barbosa, na região de Limoeiro de Anadia, a versão primitiva do folguedo teve seu início a partir da chegada dos primeiros escravos negros por volta do final do século XVIII.
Segundo consta na tradição oral, no final do século XIX, um escravo forro, conhecido como João Gruta, procedente de Alagoas (Marechal Deodoro), onde já tinha experiência em apresentações naquela localidade, resolve vir para Limoeiro, onde começa a organizar a dança típica das senzalas para apresentações em praça pública, nas festividades alusivas a São Sebastião e de Nossa Senhora da Conceição.
Seus componentes são o caboclinho; o embaixador; a catirina; o papai velho; o espia dos caboclos; o vigia dos negros; os reis do encarnado e do azul (índio X negro), com seus trajes que se assemelham com o de outros folguedos do ciclo do Reisado (reisado, guerreiro, etc.); calções, manto, blusa de cetim azul ou vermelho, meias compridas, guarda-peito enfeitado de espelhos, coroa de ouropel e areia brilhante.
Como armas, os reis empunhavam antigas espadas. Além desses membros, existe a Rainha, menina entre cinco e dez anos, que usa vestido branco comprido, com guarda-peito de espelhos, capa de cetim enfeitada e diadema de papelão pintado.