O Departamento de Estado dos Estados Unidos incluiu o Brasil e a África do Sul na “Lista de Observação do Nível 2” no relatório anual Trafficking in Persons (TIP), divulgado nesta segunda-feira, 29. A medida indica que os países precisam intensificar os esforços contra o tráfico humano ou podem enfrentar sanções.

O documento, que avalia iniciativas para combater trabalho forçado, tráfico sexual e outras formas de escravidão moderna, reconheceu que ambos os governos realizaram ações relevantes, mas insuficientes. No Brasil, foram iniciadas menos investigações e processos do que em anos anteriores, e os tribunais relataram queda no número de condenações iniciais por tráfico humano.

Para a África do Sul, o relatório destacou avanços como a criação da primeira força-tarefa subprovincial e a condenação de mais traficantes. Ainda assim, foram identificadas menos vítimas, investigados menos casos e iniciados menos processos.

O relatório foi publicado quase três meses após o prazo original e após cortes significativos de pessoal no Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas, responsável pelo levantamento. Segundo o subsecretário de Estado para Gestão e Recursos, Michael Rigas, o quadro da equipe foi reduzido em 71% após a saída de mais de 1.300 funcionários.

Em comunicado, o secretário de Estado, Marco Rubio, destacou a gravidade do crime:

“O tráfico humano é um crime horrível e devastador que também enriquece organizações criminosas transnacionais e regimes imorais e antiamericanos. A administração Trump está dedicada a defender os valores americanos, proteger os trabalhadores americanos e defender nossas comunidades.”

O relatório também surge em meio a tensões políticas: Trump aplicou tarifas e restrições de visto ao Brasil e lançou um programa de refúgio para sul-africanos brancos, enquanto acusou o governo da África do Sul, sem apresentar provas, de perseguição à minoria branca.