Os serviços secretos da Alemanha alertaram nesta segunda-feira, 13, que a Rússia está preparada para entrar em conflito militar direto com a Otan. Segundo o Serviço Federal de Inteligência (BND), o Kremlin acredita haver “chances realistas” de expandir sua influência para o oeste e tornar a Europa economicamente dependente de Moscou.

“Em Moscou, acredita-se haver chances realistas de expandir sua zona de influência para o oeste e tornar a Europa, economicamente muito mais poderosa, dependente da Rússia”, declarou Martin Jäger, presidente do BND, durante audiência no Parlamento alemão (Bundestag), em Berlim.

Jäger, que assumiu o comando da agência em setembro, afirmou que a Rússia “não hesitará, se necessário, em entrar em conflito militar direto com a Otan”. Para ele, o cenário de confronto não está restrito a uma previsão futura:

“Não devemos nos acomodar pensando que um eventual ataque russo só ocorrerá a partir de 2029. Já estamos no meio da ação hoje.”

O chefe da inteligência alemã descreveu a situação atual como uma “paz fria”, que pode a qualquer momento se transformar em confronto violento.

Atividades de espionagem e desinformação

O presidente do serviço de inteligência interna da Alemanha (BfV), Sinan Selen, reforçou que a Rússia tem intensificado suas operações de espionagem, sabotagem, desinformação e ciberataques visando enfraquecer as democracias europeias.

“Os serviços russos ajustam constantemente seus níveis de escalada. Detectamos uma ampla gama de atividades conduzidas por atores estatais e estrangeiros na Alemanha”, afirmou Selen.
“A Rússia não esqueceu a Guerra Fria, os instrumentos daquela época ainda estão disponíveis.”

União Europeia alerta para risco de escalada

Durante visita a Kiev, a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, também alertou que a Rússia está “brincando com a guerra” após uma série de violações do espaço aéreo europeu.

“Cada vez que um drone ou avião russo viola nosso espaço aéreo, existe o risco de uma escalada, voluntária ou não. Já ultrapassamos o limite de um conflito hipotético”, declarou Kallas.

Ela defendeu que a Europa converta seu poder econômico em dissuasão militar e reiterou o apoio da UE à Ucrânia.

Ataques à infraestrutura ucraniana

O governo ucraniano relatou novos ataques russos contra a rede de energia do país, o que levou a cortes de eletricidade em pelo menos sete regiões nesta segunda-feira.

“O inimigo busca afetar o estado de espírito da população atacando as infraestruturas energéticas. Estamos plenamente conscientes disso”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriï Sybiga.

Kiev tem pedido sistemas adicionais de defesa antiaérea aos aliados para proteger instalações energéticas e civis diante do aumento dos ataques noturnos.