CORRUPÇÃO
Empreiteira contratada pela Codevasf tem laranjas como sócios

Em discurso para uma plateia de apoiadores durante visita à Feira Nacional de Soja, em Santa Rosa (RS), neste sábado, 7, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar que existam casos de corrupção no seu governo. Segundo ele, diversas acusações são feitas sem que as provas sejam apresentadas.
Bolso disse à plateia que o governo ganha, cada vez mais, o respeito da população porque "a verdade para nós está em primeiro lugar. Temos um governo que acusam, mas nada provam sobre corrupção", disse.
Esta semana, no entanto, mais um indício de corrupção veio a público através da revista Fórum, com base em material da Folha de S.Paulo. Em matéria investigativa a revista mostrou que a segunda empresa que mais venceu licitações na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, tem como sócios duas pessoas que, em 2015, já haviam declarado que eram usadas como laranjas.
A empresa é a empreiteira maranhense Construservice, com sede em Codó, a 300 Km de São Luís.
Segundo reportagem de Flávio Ferreira e Mateus Vargas, da Folha de S.Paulo, a construtora tem mais de R$ 140 milhões em contratos com a companhia, entregue por Jair Bolsonaro (PL) ao Centrão, tendo recebido mais de R$ 10 milhões desde 2019. No período, a empresa só recebeu recurso do governo federal, segundo dados do Portal Transparência. A empresa teria como sócio oculto Eduardo José Barros da Costa, conhecido como Eduardo Imperador ou Eduardo DP.
Nos documentos, constam como sócios duas pessoas que admitiram que foram chamadas para constar formalmente como sócias na construtora mas que não mantinham nenhuma ligação pessoal ou empresarial entre eles.
Importante lembrar que investigações do Ministério Público do Maranhão e da Polícia Civil apontam Costa como suspeito de comandar uma quadrilha responsável por crimes em mais de 40 municípios do estado, pelo menos de 2009 a 2012. Ele ainda é réu em ações nas justiças estadual e federal em inquéritos sobre atos de corrupção e chegou a ser preso, estando em liberdade atualmente. A Codevasf, questionada, não quis esclarecer a relação com Eduardo Costa.
Apesar das afirmações de Bolsonaro sobre governo sem corrupção, como mostrou o Estadão, o Ministério da Educação (MEC) viveu seis escândalos simultâneos, incluindo o sobrepreço de mais de R$ 700 milhões para compra de ônibus escolares e a atuação de religiosos como lobistas, decidindo, inclusive, a destinação dos recursos da pasta.
No fim de março, o então ministro Milton Ribeiro foi obrigado a deixar o cargo após o Estadão noticiar um esquema de cobrança de propina na pasta em troca de liberação de recursos públicos para creches e escolas. O caso é investigado pela Polícia Federal e passou a tramitar no Tribunal Regional Federal da 1ª Região após decisão da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal.
O presidente também tem trabalhado para barrar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. Em outra investigação, a PF apura o possível desvio de emendas parlamentares por parte de congressistas maranhenses da base bolsonarista.