cotidiano

Escritor ensina como debater de forma saudável em tempos de bolsonarismo

Henry Bugalho, em passagem por Maceió, promoveu livro e debateu sobre a política atual
Por José Fernando Martins 13/11/2022 - 06:35
A- A+
José Fernando Martins
Henry Bugalho
Henry Bugalho

O que era para ser a discussão de um livro tornouse momentos de terapia em grupo de sequelados com o bolsonarismo. Foi o que ocorreu com a passagem na semana passada do escritor e youtuber esquerdista Henry Bugalho por Maceió. O paranaense, que mora na Espanha, ficou conhecido por ser um crítico da extrema direita, mais especificamente contra o presidente Jair Bolsonaro. Em sua rápida passagem pelo Brasil, ele tem visitado várias capitais para promover o livro “Como vencer um debate tendo razão”. 

A obra é um clamor para a volta de uma conversa ética voltada à racionalidade, o que tem se tornado cada vez mais difícil com o fanatismo político e a terra “quase” sem leis da internet e redes sociais. Bugalho passou pela capital alagoana no último dia 7, em evento organizado pela livraria Leitura, no Parque Shopping Maceió. Tirando os problemas técnicos com microfone e a realização do evento em local aberto com alto barulho, que revelou certo amadorismo por parte da empresa realizadora, Henry Bugalho conseguiu dialogar com seus seguidores e ouviu histórias sobre o que o bolsonarismo radical tem causado na vida de milhões de brasileiros.

Um professor de História, por exemplo, contou que pais de alunos chegaram a sugerir qual tipo de material de estudo que o profissional deveria lecionar aos seus filhos, com obras que fogem da realidade baseadas no autointitulado filósofo e guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho e argumentações do canal do YouTube “Brasil Paralelo”, que tenta desconstruir e relativizar temas complexos da sociedade, como feminismo, luta de classes e escravidão. Outra participante já mencionou como foi difícil enfrentar a pandemia da covid-19. Estudiosa da área da ciência, ela contou que viu colegas utilizando dados concretos e maquiando-os de uma forma para “comprovar” crenças próprias. Mas, enfim, é possível dialogar e debater com fanáticos que repudiam, evidenciam e descartam a hipótese de estarem errados? 

Segundo Bugalho, a resposta é simples, porém não satisfatória: “Com essas pessoas não há debate possível”. “Quando a pessoa está radicalizada, ela está impermeável às evidências. Ela vive no mundo radicalizado, vive numa bolha de informação, vive em local em que conteúdos são lavagem cerebral com mentiras”, pontuou. Para o escritor, “um dos elementos mínimos e essenciais de uma ética para um debate, de uma relação saudável no debate, é que você seja capaz de reconhecer que não tem razão ou que suas evidências são contaminadas”.

Leia na íntegra no EXTRA ALAGOAS nas bancas!

Publicidade


Encontrou algum erro? Entre em contato