POLÍTICA
Quem é Fernando Collor e por que sua prisão foi determinada pelo STF
Ex-presidente foi denunciado ao MPF por envolvimento em um esquema de corrupção
O ex-presidente Fernando Collor de Mello teve a prisão determinada nesta quarta-feira, 24, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão ocorre após o trânsito em julgado da condenação do político a 8 anos e 10 meses de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença envolve o recebimento de quase R$ 30 milhões em propinas entre 2010 e 2014, em um esquema ligado à BR Distribuidora.
De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema consistia em contratos irregulares entre a subsidiária da Petrobras e a empreiteira UTC Engenharia, viabilizados com apoio político de Collor, que na época exercia o mandato de senador por Alagoas. O objetivo era favorecer os interesses da empresa na construção de bases de distribuição de combustíveis. Empresários envolvidos no caso também tiveram a prisão determinada.
Com a condenação transitada em julgado e esgotados os recursos, Moraes determinou o início do cumprimento da pena em regime fechado. A prisão ainda não foi efetivada até o momento desta publicação.
Fernando Collor nasceu no Rio de Janeiro, em 1949, em uma família tradicionalmente ligada à política. É filho do ex-governador e senador Arnon de Mello e neto de Lindolfo Collor, líder da Revolução de 1930 e ex-ministro de Getúlio Vargas. Economista de formação, iniciou sua carreira política como prefeito nomeado de Maceió, em 1979. Poucos anos depois, foi eleito deputado federal, e, em 1986, tornou-se governador de Alagoas.
Em 1989, foi eleito presidente da República pelo PRN, derrotando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o regime militar e o mais jovem da história brasileira a ocupar o cargo, com 40 anos.
Seu governo foi marcado por reformas liberais e medidas econômicas polêmicas, como o Plano Collor, que confiscou valores das contas bancárias da população. Também promoveu privatizações e a abertura do mercado nacional. Mas sua gestão entrou em colapso em 1992, após denúncias feitas pelo irmão, Pedro Collor, que revelaram um esquema de corrupção chefiado por Paulo César Farias, tesoureiro da campanha presidencial.
O escândalo resultou em um processo de impeachment, aprovado pela Câmara em outubro de 1992. Collor tentou evitar a cassação ao renunciar em dezembro, mas o Senado concluiu o julgamento e o considerou culpado por crime de responsabilidade. Seus direitos políticos foram suspensos por oito anos.
Após o período de inelegibilidade, Collor retornou à vida pública. Em 2006, foi eleito senador por Alagoas e reeleito em 2014, mantendo influência política regional. Durante o mandato, foi novamente alvo de investigações, desta vez no âmbito da Operação Lava Jato. A ação que resultou na condenação definitiva julgou que Collor usou o cargo de senador para receber propinas em troca de favorecimentos a empresas privadas.