STF

Moraes encerra interrogatórios e revoga proibição de contato entre réus

Bolsonaro e outras 7 pessoas são acusadas de integrar o núcleo da tentativa de golpe em 2022
Por Redação 10/06/2025 - 19:25
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Ton Molina/STF
Jair Bolsonaro durante depoimento no STF
Jair Bolsonaro durante depoimento no STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu, nos dias 9 e 10 de junho, oito réus acusados de integrar o núcleo central da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Os depoimentos foram colhidos pelo ministro Alexandre de Moraes e fazem parte da ação penal que investiga não só o plano de ruptura institucional, como também uma suposta conspiração para assassinar autoridades.

Concluída essa etapa, acusação e defesas terão prazos para requerer diligências adicionais. Em seguida, será aberta a fase de alegações finais. Com isso, o processo estará pronto para julgamento.

Veja os destaques de cada depoimento:

1. Jair Bolsonaro (ex-presidente)

Negou golpe e ameaças de prisão: Disse que as Forças Armadas não cumpririam ordens ilegais e que nunca foi ameaçado.

Admitiu conversas sobre saídas “dentro da Constituição”: Afirmou que as reuniões buscavam alternativas jurídicas após negativa do TSE a uma petição do PL.

Minimizou impacto do 8 de janeiro: Disse ter pedido a desobstrução de vias e que não incentivou atos ilegais.

Sobre a minuta do golpe: Disse que viu o texto “de forma rápida”, que não alterou o conteúdo e que a possibilidade foi “abandonada na segunda reunião”.

Pediu desculpas a Moraes: Retratou-se por insinuações feitas no passado sobre supostas propinas recebidas por ministros.

2. Walter Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice)

Negou pressionar comandantes militares: Disse que não ordenou ataques a Freire Gomes ou Baptista Júnior e que mensagens atribuídas a ele foram tiradas de contexto.

Sobre a caixa de vinho com dinheiro: Afirmou que achava se tratar de recursos de campanha e que encaminhou o pedido ao tesoureiro do PL.

Disse desconhecer plano de assassinato de autoridades: Afirmou nunca ter ouvido falar das operações Punhal Verde Amarelo ou Copa 2022.

3. Mauro Cid (ex-ajudante de ordens)

Relatou repasses em espécie: Confirmou ter entregue dinheiro vivo a pedido de Braga Netto.

Apontou envolvimento de Bolsonaro: Afirmou que o ex-presidente discutiu e editou minuta de decreto que previa prisões.

Citou papel de Braga Netto com acampamentos: Disse que o general fazia a ponte com manifestantes.

4. Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)

Disse que minuta do golpe não foi elaborada por ele: Afirmou que o texto foi adicionado a seus documentos sem sua ciência.

Negou qualquer ação golpista: Disse que não participou de conspiração e que nunca apresentou o documento a Bolsonaro.

5. Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)

Afirmou que não colocaria tropas à disposição de golpe: Declarou que respeita os limites constitucionais.

Negou participação ou ciência de qualquer plano golpista.

6. Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)

Pediu desculpas públicas a Moraes e ao TSE: Disse que fez críticas “mal colocadas” e que não considera o tribunal um inimigo.

Negou ter levado relatório ao presidente: Disse que nunca houve reunião para despachar com Bolsonaro e que ele “jamais o pressionou”.

Desconhece minuta de golpe: Disse que nunca teve contato com o texto e não sabe “do que se trata”.

Sobre nota à imprensa que confrontou o TSE: Reconheceu que, se fosse hoje, não publicaria ou teria sido mais ameno.

7. Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)

Negou participação em conspiração: Afirmou que reuniões eram informais e não continham pactos golpistas.

Defesa pediu adiamento por causa de um jantar: Moraes ironizou o pedido do advogado.

8. Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin)

Disse que arquivo com críticas ao TSE era pessoal: Negou ter enviado a Bolsonaro e disse que se tratava de um documento para uso próprio.

Rejeitou qualquer articulação golpista: Disse que suas anotações não buscavam mobilizar o ex-presidente.


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