anistia em jogo
Hugo Motta enfrenta pressão e sombra de Arthur Lira no comando da Câmara
Mais jovem presidente da Casa lida com crises e acordos costurados pelo antecessor
Aos sete meses de mandato, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), 35, o mais jovem a assumir a presidência da Câmara, ainda busca consolidar sua autoridade diante da forte influência de Arthur Lira (PP-AL). Mesmo fora dos holofotes, o ex-presidente e padrinho político continua a articular nos bastidores, interferindo em negociações que envolvem algumas das principais pautas do Congresso.
Foi no gabinete de Lira que se costurou, por exemplo, o acordo que encerrou o motim de bolsonaristas que ocuparam a mesa do plenário em agosto. De lá também saíram compromissos de votações sobre a anistia a Jair Bolsonaro (PL) e a chamada PEC da blindagem — ambos temas que ainda não avançaram, mas seguem no centro das pressões sobre Motta.
Apesar de resistir em público, o presidente da Câmara tem cedido gradualmente às cobranças. Após Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) intensificar a articulação pela anistia, Motta admitiu a possibilidade de pautar a proposta. A expectativa é que isso ocorra após o julgamento que pode condenar Bolsonaro nesta semana.
A condução de Motta, que já oscilou entre alinhamento ao governo Lula e momentos de atrito, tem sido marcada por altos e baixos. Ele tentou, sem sucesso, suspender mandatos de deputados que participaram do protesto no plenário e adiou a votação da PEC da blindagem diante da resistência de partidos.
Aliados defendem que votações expressivas na Câmara comprovam sua força política e citam a liderança na tramitação da reforma administrativa. Ainda assim, a sombra de Lira permanece como fator determinante sobre a percepção da real autonomia de Motta no comando da Casa.