câmara federal
Reforma administrativa depende de articulação de Arthur Lira para avançar
Líderes avaliam que sem a influência do deputado, chances de votação são mínimas
A retomada do debate sobre a reforma administrativa na Câmara dos Deputados, em Brasília, é vista com ceticismo. Nos bastidores, a avaliação é de que apenas uma articulação do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), poderia dar fôlego à proposta. Sem o envolvimento do alagoano, segundo parlamentares, o tema dificilmente sairá do papel.
O motivo seria a fragilidade política do atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que altera regras de contratação e estabilidade no serviço público, foi uma das bandeiras de Lira durante sua gestão.
À época, o então presidente da Câmara cobrava “coragem” do governo federal para enfrentar resistências corporativas e via na medida um passo para o controle das despesas públicas. No entanto, o texto não chegou ao plenário antes do fim de seu mandato.
Agora, Hugo Motta tenta ressuscitar o debate. O deputado designou Pedro Paulo (PSD-RJ) como relator e anunciou que pretende abrir uma rodada de discussões sobre os principais pontos para medir o clima político para uma eventual votação ainda em 2025.
Mas, líderes avaliam que o tema perdeu o timing. O ambiente político se deteriorou e o ritmo da Câmara, concentrado na anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro, contribuiu para o enfraquecimento da agenda.
Interlocutores de Motta reconhecem ainda que a base do governo está dividida em relação à reforma, originalmente proposta no governo de Jair Bolsonaro (PL). O Palácio do Planalto evita se comprometer abertamente.
A avaliação entre líderes é de que, se a proposta não for votada até o fim deste ano, as chances de aprovação em 2026 são praticamente nulas, já que o calendário eleitoral tende a paralisar o Congresso.