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“Atualização” no Centrão mantém o sistema criado por Arthur Lira

Nova liderança de Hugo Motta simboliza mudança de estilo, mas não de essência
Por Redação 21/10/2025 - 06:00
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Agência Brasil
O deputado federal Arthur Lira, do PP
O deputado federal Arthur Lira, do PP

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem adotado um discurso de “atualização” nas relações entre o Legislativo e o Executivo — uma palavra aparentemente simples, mas carregada de significado político em Brasília.

Em entrevista à jornalista Míriam Leitão, Motta afirmou ser preciso “dar uma atualizada” na interlocução com o governo. A expressão, porém, representa mais do que uma simples modernização de métodos: indica uma transição gradual do poder de Arthur Lira (PP-AL) para uma nova geração de mediadores no Congresso.

O governo Lula aproveita essa mudança para reorganizar seus canais com o Centrão. As recentes demissões de apadrinhados políticos, segundo analistas, não configuram retaliação, mas uma tentativa de repactuação. 

Sob o pretexto de “modernizar” a relação, o Planalto busca substituir o estilo impositivo de Lira pela abordagem conciliadora de Motta — sem, contudo, alterar o mecanismo de trocas e interesses que sustenta a engrenagem entre Executivo e Legislativo.

Lira foi o arquiteto do modelo baseado no poder orçamentário e na pressão direta, enquanto Motta surge como sua versão mais “polida”, adepta do diálogo e da estabilidade institucional, mas igualmente pragmática na disputa por espaço e influência.

Como resume o colunista Matheus Leitão, da Veja, a “atualização” em curso não elimina o sistema anterior — apenas o reconfigura sob uma nova interface, preservando a lógica de sobrevivência mútua entre os dois Poderes.


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