colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

O escândalo do INSS

28/06/2025 - 06:00
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Recentemente o Brasil foi abalado com a notícia de que inativos do INSS estavam sendo enganados desde o Governo Bolsonaro. A história estourou em 2025 e o governo atual nada fez em dois anos.

Os proventos dos idosos diminuíam por empréstimos concedidos sem autorização deles. Foram envolvidos funcionários da entidade e organizações falsas. Ninguém do quadro do INSS despertou para o fato e os valores foram crescendo, atingindo a cifra de bilhões de reais.

Com o aparecimento do caso, começaram as pesquisas: quem estaria tramando tal golpe? Como os empréstimos consignados estariam acontecendo? Quem seria responsável por tanta sonegação dos salários dos velhinhos?

Demitiram um ministro porque foi alertado da apropriação indébita e não tomou nenhuma providência. É um caso típico de malversação do dinheiro de quem deveria ser beneficiário. Qui seram culpar os sindicatos, mas descobriram que haviam Organizações Não Governamentais (ONGs) agindo no recebimento de verbas pertencentes aos proventos de milhões de velhinhos.

Moral da história: descontar valores falsos dos proventos dos aposentados do INSS é muito fácil; devolver o que foi subtraído é difícil. A primeira providência que os dirigentes tomaram foi partir para um processo solicitando a devolução dos valores. Aí o processo não anda, depois de trinta dias o idoso entra na Justiça e espera vinte, trinta anos pela devolução do dinheiro.

Fui vítima de um caso semelhante: sou servidora aposentada da Assembleia Legislativa de Alagoas. Trabalhei por mais de trinta anos. Notei que meu salário estava “congelado” ou estava sendo subtraído.

Procurei o Departamento de Pessoal da entidade. Pedi explicações. Recebi a triste resposta: “A senhora não tem mais para onde ir”.

Descobri a Emenda Constitucional que regulamentava meu salário. Localizei o erro, fui ao diretor de Pessoal. Mostrei tudo. Eles, os funcionários do Departamento de Pessoal, mantinham o mesmo teto constitucional e corrigiam o redutor. Isso vinha ocorrendo há dois anos; ninguém lá de dentro percebeu o senão. Fato inédito!

Calculei meu salário durante os dois últimos anos e verifiquei as perdas. Um enorme prejuízo!

Entreguei tudo ao diretor, que disse bem sério: “Vou analisar o caso e chamo a senhora”.

Resultado: corrigiram o salário!
Perguntei: E as perdas? Obtive como resposta: “A senhora vai entrar com um processo, solicitando o que foi retirado de seus proventos”.

Eu, servidora antiga, pensei logo: eles querem que eu entre com um processo; engavetam a documentação e me obrigam a ir à Justiça. Só que tenho 84 anos e os trâmites legais são muito lentos.

Tenho passado noites sem dormir, pensando na maldade humana: de quem foi o erro? Do funcionário que calcula a folha e não soube interpretar a Emenda Constitucional? O diretor do Departamento de Pessoal que tem obrigação de revisar o pagamento mensalmente, não entendeu que havia algo de errado? Houve ordens superiores para diminuir meu salário?

Na Assembleia Legislativa de Alagoas os processos administrativos não andam ou não têm respostas. Sou vítima disto!

O que me resta fazer: lembrar aos dirigentes que tenho direito por lei à prioridade no atendimento de minhas solicitações. É a Lei do Idoso. Ou então, lembrar à Mesa Diretora que o fato provocaria uma ação por danos morais.

Senhor diretor do Departamento de Pessoal: assuma sua culpa e pague o que retirou do meu salário; é o mínimo que pode fazer!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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