colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A exploração do Sal-Gema em Alagoas

05/09/2021 - 08:19
Atualização: 05/09/2021 - 08:23

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Sede da Braskem, localizada no bairro do Pontal da Barra, em Maceió
Sede da Braskem, localizada no bairro do Pontal da Barra, em Maceió

O mais relevante – e frustrante - assunto para Alagoas dos últimos 50 anos tem sido a mal sucedida experiência com a exploração do sal-gema, nossa principal riqueza mineral. Que foi da euforia inicial suscitada por autoridades, empreendedores e políticos; transitou pelo brutal abortamento do polo cloroquímico em detrimento da Bahia e outros Estados (das mais de 3 centenas de indústrias previstas apenas 66 de pequeno porte se instalaram e respondem por 5% da arrecadação do Estado).

Continuou com a teimosia criminosa da manutenção da planta industrial da empresa – de alta periculosidade – em pleno seio da Capital do Estado. Tal qual a espada de Dâmocles na cabeça dos maceioenses, como a lembrar quem é a “poderosa do pedaço”, em total desprezo às regras básicas de segurança do setor e, em detrimento de quase 2 milhões de alagoanos da região metropolitana da Capital, obrigados compulsoriamente a conviver com a possibilidade de acidente grave, maior e pior que o “tsunami ambiental” que está levando de roldão 5 bairros de Maceió, seus 40 mil residentes, mil empresas e o futuro da região.

O suspeitíssimo véu do deserto de informações reais sobre as operações da empresa em nosso subsolo e a falta de dados no tocante a acidentes na planta do Pontal, desde sempre pairou soturna sobre a vida dos alagoanos, e somente torna maior – e pior – o sentimento surdo de impotência, revolta e medo.

A Braskem fez de Maceió uma cidade sitiada.

O tempo está – infelizmente - mostrando que as preocupações nunca foram vãs. Muito ao contrário. Na verdade, a crônica da exploração do sal-gema de Alagoas, sempre foi uma cadeia ramificada de equívocos, erros crassos, incompetência, anomia, prevaricação, corrupção e desorganização de caso pensado de autoridades federais e estaduais e da própria empresa, cujas vítimas diretas como todos sabem, estão sendo o Estado e o povo de Alagoas.

O tema suscita reações. No entanto, grande parte do que foi dito ou escrito, teve como característica, a forma “ligeira” de abordagem de questão tão sensível e profunda. Chama também a atenção a esparsa produção acadêmica em torno do assunto e a quase distante relação das universidades públicas e privadas de Alagoas com o segmento econômico mais importante do Estado.

Com visão divergente do “em cima do muro” tão comum quando se trata de resgatar questões cobertas sob várias camadas tergiversantes que pairam sobre tão relevante questão aos alagoanos, reunimos em coletânea (em produção) a visão crítica independente multidisciplinar de profissionais e intelectuais de reconhecido relevo no Estado.

A publicação reunirá visões, opiniões e insights das áreas econômica, jurídica, urbanística, sociológica, geológica, química e ambiental e pretende ajudar a desvendar o problema em sua real magnitude, entender sua gravidade e jogar luzes sobre o despautério do que foi e está sendo a exploração do sal-gema de Alagoas, nossa principal riqueza mineral.

O livro será publicado no primeiro trimestre de 2022.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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