colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Mudando de conversa. Mas, não tanto

14/04/2024 - 08:00

ACESSIBILIDADE


Ando um tanto quanto afastado (aqui na coluna) de outros temas caros ao leitor. O Caso Braskem tem me tomado o espaço nesse esforço de trazê-lo do “quase apagamento” na mídia local (com rarissiíssimas exceções) de 3 anos atrás, para se tornar o mais importante assunto em Alagoas embora ainda longe de uma solução global.
Nosso foco foi sempre deixar o leitor por dentro dos meandros do megaproblema, trazer “ao sol” anomias, prevaricações e corrupções – a razão direta das “soluções” (sic!) apresentadas até agora para o problema só beneficiarem a um lado: o da Braskem. Que em conluio com maus alagoanos (que hoje todos sabem quem são) jogam pesado contra os interesses de 140 mil afetados, 815 mil maceioenses, a cidade de Maceió, oito dos municípios da região metropolitana e o estado de Alagoas. Essa luta vai continuar. O artigo de hoje é só um ”respiro” para voltar ao tema Braskem.

É que há outros temas importantes pedindo passagem. Um deles a questão da presença acintosa de organizações criminosas (o PCC é só a mais conhecida) na economia nacional, na política e (o caso do Rio é apenas, infelizmente, só mais um exemplo) em todo o tecido social nacional.

O Brasil segue a passos largos para se tornar logo, logo, uma Colômbia, um México, um Equador, uma Bolívia, uma Venezuela que já são nações engolfadas pelas máfias das drogas, do jogo (que o Brasil acaba de abrir as portas), do tráfico internacional de mulheres, de crianças, de órgãos humanos e tantas outras. A América Latina de miserável acrescenta agora estar se transformando numa terra de ninguém. E o Brasil também.

O recente episódio das empresas de ônibus de São Paulo tratada com escarcéu pela mídia controlada, não passa de relés “subproduto” explorado por criminosos que já são donos de milhares de empresas de médio e grande porte “com cara de empresa” mas que não passam de sinecuras para lavar o dinheiro do crime.

A novidade é que agora eles adentram na “área nobre” do mercado e estão se tornando banqueiros através de fintechs, os novos bancos digitais. O tamanho e a extensão desse avanço são conhecidos das policias estaduais. Militar e civil, que estão de mãos atadas: são instituições parcialmente contaminadas das suas cúpulas até a soldadesca ou os agentes de campo. Aqui a regra é exceção e não mais o contrário.

O Caso Mariele Franco é exemplo clássico. Até as plantas sabiam que o mando tinha sido dos criminosos da família Barão, mas a podridão na policia civil e militar do estado é algo insolúvel. Como era o crime até a PF entrar de verdade no caso e em questão de dias resolve-lo.

Tenho tocado eventualmente – e bem de passagem – neste tema. Não é minha área, por isso não tenho como me aprofundar. Mas não precisa ser especialista para perceber o avanço do crime sobre todos os setores. Até em certos ramos de “igrejas” (na verdade arapucas armadas para explorar a crendice popular em áreas de baixa renda) que operam dentro dos territórios dominados pela bandidagem, os bandidos lavam a grana do crime. Se tornaram donos de partes das cidades, onde nem a polícia entra (será por quê?).

A desinteligência que é marca registrada dos órgãos de segurança neste país (são especialistas em bisbilhotar a vida de cidadãos honestos e fazer o papel de polícia politica) é a regra do setor. O acobertamento de poderosos (legais e ilegais) também. Os “modelos” superados de inteligência policial e métodos semi artesanais de investigações (grande parte dirigidas) são a rotina diária na área de segurança. Como é “comum” a corrupção policial.

O domínio do país por celerados está nos levando ao pior dos mundos: o empalhamento do Estado, o esfacelamento do estado de direito e da democracia, pilares básicos de sustentação de uma Nação trocados por uma sociedade de terror como ocorre nos países que citados.

Há saídas? Claro. Mas todas estão atreladas ao funcionamento normal da máquina governamental e da máquina política. E não apenas da área de segurança. Mas o que o futuro parece nos reservar é um candidato vinculado aos interesses dos milicianos e, portanto, ao crime organizado contra um candidato de um partido no poder que à exceção do Caso Mariele, sempre esteve ao lado dos “coitados” dos bandidos. Organizados ou não.
Este país caminha a passos largos em direção ao esgoto e à escatologia criminosa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato