colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Que democracia ?

13/11/2022 - 10:47

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LR Moreira/Secom/TSE
Urna eletrônica
Urna eletrônica

As eleições de 2022 se caracterizaram pela ausência quase absoluta de propostas que pudessem se dizer minimamente sérias. Imperaram os pacotes padrão dos “marqueteiros”, onde cabe qualquer candidato. Que se aproveitam disso para esconder do eleitor suas feiuras e incompetências, rezando para que essa tal de “eleição” - que lhe custará muitos milhões – roubados, claro, do dinheiro público, acabe logo. Já fazendo contas de quanto vai precisar surrupiar a mais para se “reeleger” na próxima rodada daqui a quatro anos. São pontuais as exceções a essa regra, conheço alguns desses espécimes raros.

Essa deterioração do que deveria ser o espírito das eleições tem causado um fenômeno deletério na sociedade brasileira em relação à democracia: o seu paulatino afastamento de um processo viciado que eleição após eleição só se deteriora. Basta ver quem são a maioria dentre os “representantes do povo eleitos”. Gente da pior qualidade, bandidos, milicianos, representantes das quadrilhas do jogo, das drogas, dos milicianos, da bandidagem em geral, ladrões do dinheiro público, bandidos, enfim. Os que “escapam” dessa malta são obrigados a conviver com esse tipo de gente – e calar – senão...

A cada eleição a situação só piora.

Pode parecer extravagante dizer isso, mas o que se viu no último pleito nada teve a ver com democracia, onde o debate, a discussão de temas do interesse da sociedade, suas prioridades e desafios passaram longe das plataformas dos candidatos. Democracia, de onde emana todo o poder do povo passa longe desses simulacros eleitorais que o país está vivendo.

Eleição é a expressão direta da cidadania. Existe algo mais distante do que isso nos nossos pleitos comprados a peso de ouro por essa gente que só pensa em se dar bem? Não é a toa o esgarçamento institucional dos poderes neste país.

Nossas instituições, a representação materializada do poder exercido em nome do povo, o quão mais e mais se distanciam desse pilar basilar de qualquer democracia? Como o cidadão se vê representado por um poder executivo, judiciário ou legislativo sitiados por plenipotenciários que se organizam em saques e rapinagens que finda por interditar o acesso à saúde, educação, ao mínimo necessário para a sobrevivência humana.

Alagoas é um exemplo acabado disso com seus quase 70% de pobres e miseráveis, 17% de analfabetos, a maior desigualdade social do país e uma das maiores do mundo, cuja renda capita se mantém há 50 anos na rabeira dos estados brasileiros e cujo PIB (pibinho, na verdade) perdeu nos últimos 20 anos 46% do seu valor. Em termos reais e não nominais!!! Empobrecendo a si e a 98% dos seus filhos. E assim continuará, enquanto o modelo de “democracia” que temos por aqui for este aí. Até por que modelo econômico, nosso pobre estado nunca, jamais, viu a cor de um que justificasse esse nome.

O que não foge à regra brasileira, um país que possui a segunda maior desigualdade social do mundo; que – para não ir longe – em menos de 15 anos saiu da 7ª posição no ranking global em termos de PIB, para o longínquo 13º lugar (e para o ano vai perder mais); Que cresce 1% a.a. há 40 anos! E cuja política eleitoral nos leva a uma eleição onde os candidatos são gente do tipo de Lula e Bolsonaro. O que esperar que não a lábia antiga do morubixaba petista? E rezar para o PT não rapinar tudo de novo.

Enquanto não resgatarmos a política com P maiúsculo das mãos dessa gente que ai está; enquanto não se moldar um novo modelo político mais equilibrado que dê voz e vez ao cidadão, como candidato ou eleitor, não se conseguirá reverter a rota de perdas gerais para a cidadania. Não haverá como resgatar o protagonismo do cidadão. Não há atalhos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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