colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Carta aberta ao prefeito de Maceió

26/11/2022 - 09:11
Atualização: 26/11/2022 - 09:43

ACESSIBILIDADE

Edvan Ferreira/Secom Maceió
O prefeito JHC durante coletiva
O prefeito JHC durante coletiva

Alagoas está passando nos últimos anos por um processo de sucessão das velhas lideranças oligárquicas da política que dominaram por muito tempo esse estado (embora alguns ainda hesitem em largar o bem bom do poder). Mas é notório que começou a passagem de bastão para uma geração mais nova de políticos. Infelizmente, pelo que seus primeiros atos indicam, tão reacionária e oligárquica quanto a anterior.

Você, JHC, é uma dessas novas lideranças que despontaram nos últimos anos e já alça – por merecimento político – uma das mais importantes posições de poder em Alagoas. Surgiu como uma esperança para os alagoanos e maceioenses, em particular por encarnar a cara da mudança, da renovação, da novidade que parecia alvissareira em uma cidade que – especialmente nos últimos 4 ½ anos – tem sofrido o diabo que o pão amassou.

Seja pelo megadesastre provocado pela Braskem em nossa capital, que literalmente destruiu toda a região Noroeste da cidade e bairros tradicionalíssimos como o Bebedouro, um dos berços da fundação da cidade; Bom Parto, o bairro operário mais tradicional da cidade juntamente com Fernão Velho; o Mutange, do CSA e dos seus casarões tradicionais; o Pinheiro, berço da classe média que migrou em massa para constituir o então redivivo novo bairro da cidade e significativa área do Farol, de tradições mil.

Como também, pelo sofrimento impingido a nosso povo pela Braskem que, passados 4 ½ anos sequer aceitou iniciar tratativas concretas para ressarcir Maceió dos gigantescos prejuízos materiais e imateriais que ela provocou em nossa devastada cidade, que estimamos em torno de 10 bilhões de reais.

Eis que esta semana a imprensa noticia que o prefeito de Maceió está em tratativas avançadas para fechar um acordo com aquela empresa no valor de 1,6 bilhão de reais (portanto, menos de 16% do valor estimado do prejuízo). E está fazendo isso sem ouvir a sociedade organizada, especialistas que conhecem de fato o problema, como os autores do livro “Rasgando a Cortina de Silêncios”, o lado B da exploração do Sal-Gema de Maceió que, inclusive apresentam no livro propostas técnicas e urbanísticas qualificadas para a solução do mega problema.

A experiência (fui secretário de Planejamento urbano da cidade, secretário de Finanças também e secretário de Planejamento do Ministério da Agricultura) nos diz, prefeito, que sem uma assessoria técnica qualificada sobre o tema (que o senhor não tem) qualquer tentativa de negociação com a Braskem será fatal e facilmente “costurada” a favor da empresa com o concurso das suas múltiplas equipes de advogados e consultores técnicos internacionais.

Por isso, tomo a liberdade de colocar à disposição da prefeitura a nossa expertise na área e sobre o tema, juntamente com o prof. Dr. José Geraldo Marques, o Prof. Dr. Edson Bezerra, o Prof. Ms. Abel Galindo e a arquiteta Isadora Padilha, Ms em Urbanismo, todos autores do mais importante compêndio técnico sobre o assunto em Alagoas.

Queremos ajudar a evitar que – mais uma vez – Maceió saia prejudicada nessa tratativa com a Braskem, como tem sido até agora. Não vamos cobrar por nossos serviços, nem queremos cargos, não precisamos disso – fazemos isso por Maceió – mas queremos fazer valer os nossos pontos de vista que, de resto, são os da sociedade maceioense e alagoana que tornaram o nosso livro o mais vendido em todos os tempos no estado em apenas 4 meses no mercado.

A máxima da medicina pode muito bem ser aplicada nesse caso: um diagnóstico (negociação) errado, leva a remédios que podem até matar o paciente.

Aguardamos sua posição, senhor prefeito.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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