colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

As negociações Braskem-Alagoas

07/10/2023 - 08:31

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Extra/Arquivo
Braskem em Maceió
Braskem em Maceió

A negociação Alagoas-Braskem que vem sendo noticiada pode parecer aos olhos do leigo ou do neófito em negociações com multinacionais caminhar para um desfecho em que a empresa pressionada pela mudança dos “ventos políticos” em Alagoas, finalmente se vergará ao peso da justiça e das decisões políticas estruturas nem sempre reconhecida por suas virtudes.

Ledo engano.

Lidar com multinacionais é lidar com predadores no sentido mais exato da palavra quando se trata de defender o que elas entendem como “seus interesses”. Que no jargão do setor é chamado de “Criação ou geração de valor”. Para as empresas. Interesses que no caso, são frontalmente contrários aos de Alagoas e das mais de 350 mil pessoas que ou já foram prejudicadas (em torno de 200 mil) pelo megadesastre ou vivem sob a ameaça diuturna de um acidente de grande porte em uma indústria química situada dentro de nossa Capital.

Nada menos que inacreditáveis 37% da população de Maceió ameaçada, ilhada, sitiada pela Braskem. A empresa que está à venda por conta das traquinagens da sua controladora flagradas pelos órgãos de justiça, possui vários interessados em adquiri-la, mas ao que tudo indica a Petrobras que já possui 36% da Braskem e o fundo árabe ADCON deverão ser os novos donos. Uma joint venture que teoricamente tem tudo para dar certo pela expertise e tamanho gigante dos dois sócios. Só tem um problema aqui: A Petrobrás se nega a comentar sobre sua posição para uma solução do passivo da empresa em Alagoas e o fundo ADCON se mantém em silêncio sepulcral quanto a isso.

Querem pagar os bancos, mas sobre Alagoas, nada dizem... A velha conversa mole prá boi dormir. Querem fazer prevalecer a lei do mais forte. A lei da selva do que há de pior no mercado. Se Alagoas não estiver unida, forte e preparada para as tratativas que se avizinham vai – de novo – ser engolida e engabelada por essa gente graúda que sequer nos olha de soslaio. Somos mero detalhe na mega operação que costuram para ficar com a empresa.
A CPI que está para ser aberta (nem Braskem, nem NOVONOR, leia-se Odebrecht, tem interesse no avanço de investigações...) é certamente a arma mais temida (que trabalham fortemente para que ela não saia). Isso complica a venda da empresa. Tanto que se apressaram em “abrir negociações” com Alagoas. Algo jamais cogitado até então.

Mas, sempre da forma e do jeito deles. Impondo seus pontos de vista como decisões que Alagoas tem que acatar. Ameaçando judicializar a questão (como se por aqui só houvesse tolos, incompetentes e corruptos para aceitar esse tipo de ameaças, baixar a cabeça e engolir a seco as suas vontades).

Alagoas desta feita vem fazendo o dever de casa de forma correta e tem sim, armas pesadas que, até onde sabemos, serão usadas com força se a empresa insistir na sua postura imperial nas negociações. O espeço é curto para tão importante tema.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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