colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Burrice em telhado de vidro

10/12/2023 - 06:00
Atualização: 10/12/2023 - 10:02

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Assessoria
Braskem
Braskem

Contra toda a lógica e o que o bom senso recomenda a Braskem desde a eclosão do mega desastre por ela provocado em Maceió vem negando que destruiu – literalmente – cinco bairros da cidade (quase 14% do território), que afetou de forma direta 148.400 pessoas (e não 60 mil pessoas como farsescamente ela continua tentando enganar a mídia nacional, as autoridades constituídas, seus acionistas e ao mercado), oito dos 13 municípios da região metropolitana da Capital e o governo de Alagoas (nas áreas de mobilidade, patrimônio, fiscal e ambiental) construindo um passivo no estado que é mais que o dobro do que ela deve aos bancos nacionais.

Por suas atitudes claramente beligerantes para com os alagoanos, mediante articulações no limiar da zona cinzenta entre a corrupção e a prevaricação de autoridades, seus diretores já deveriam estar respondendo criminalmente por isso.

Por outro lado, o injustificável silêncio estridente daqueles que deveriam defender – e dos que fingem defender - Alagoas e seu povo contra os despautérios da Braskem e as reiteradas negativas da justiça federal em Alagoas a todos os pleitos claramente pertinentes originados dos afetados e da defensoria pública estadual ao longo dos últimos quase seis anos, são pontos fora da reta.

Que no devido momento precisam ser esclarecidos como, por exemplo, o surreal acordo inconstitucional celebrado entre o MPF-AL e a Braskem dando a ela poderes de Estado para fazer e acontecer na área que ela destruiu e ainda pior, deixando subliminarmente a posse dessas áreas para a empresa. Um escândalo sem precedentes que precisa ser analisado pelos órgãos superiores da justiça brasileira.

Junte-se a isso, o festival de inverdades e meias-verdades farsescas emanadas dos comunicados esculpidos milimetricamente pela Braskem buscando edulcorar as suas insossas e anódinas comunicações repetidas à exaustão (tal qual preconizava o ministro das comunicações de Hitler) e em grande profusão ao longo dos últimos anos em Alagoas e nacionalmente – diga-se de passagem - com sucesso, uma vez que só agora a mídia nacional “descobriu” o tamanho do buraco (sem trocadilho) que é o mega desastre da Braskem em Maceió e arredores. Estava rasgada a cortina de silêncios em torno do mega evento destruidor de parte significativa de Maceió.

Que pegou de “calças curtas” o prefeito de Maceió e seu acordo-traição a nossa Capital celebrado a preços vis com a Braskem, deixando de fora todos os afetados e “doando de mão beijada” ruas, avenidas, praças, logradouros, etc. situados na área do desastre à empresa. Este malsinado contrato tem que ser anulado!

Não consigo compreender esse comportamento kamikaze da empresa de partir para o tudo ou nada com o risco enorme de perder tudo. Aonde anda a sua área de avaliação de riscos que não vê isso? Onde anda a Compilance da Braskem que não denuncia às instâncias superiores da empresa os diretores que irresponsavelmente estão conduzindo a empresa para a terra de ninguém do vale-tudo? Que estão levando a sua marca para o ralo e suas avaliações de mercado à “linha Maginot” da implosão de suas ações?

Será que eles não entendem que Alagoas não vai permitir a venda empresa sem que antes ela faça acordo para pagar o que deve em nosso estado? Será que é tão difícil de compreender que a opinião pública nacional está contra ela? Que seus comunicados mentirosos só aumentam o fosso entre a empresa e a comunidade? Que, a despeito de todos os movimentos que tem feito nos bastidores (uma “especialidade” do seu grupo controlador) cada vez mais há reticências aos seus movimentos, até entre aqueles contumazmente corruptos?

Há meses que o governo de Alagoas vem sinalizando para a efetivação de negociações – de verdade – do passivo da empresa no estado. Que está levantado há 60 dias, juntamente com a proposta de Alagoas que dormita aguardando a disposição da empresa de sentar à mesa de fato e não como vinha ocorrendo, para ouvir, negociar e fechar acordo envolvendo todos os afetados, os municípios e o governo de Alagoas.

A proposta, no estilo ganha-ganha precisa ser considerada de forma séria e proativa pela Braskem e, rapidamente, pactuada com Alagoas. Afinal todos lucram: o estado, a empresa, o governo brasileiro, os interessados na compra da empresa, os bancos, os afetados. E quem mais lucra é a própria Braskem. Que até agora tem errado de forma primária a mão na condução dessa crise por ela provocada.

É burrice esticar a corda com quem sempre esteve disposto a encontrar a melhor solução para todos. É preciso que todos os que irão ganhar com a proposta de Alagoas pressionem o conselho da Braskem a resolver logo esse imbróglio.

Antes que o inferno da CPI desabe sobre o telhado de vidro da empresa e respingue em muita gente...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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