colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Um século de atraso: ninguém merece

16/06/2024 - 08:12
Atualização: 16/06/2024 - 09:27

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Quem quiser continuar se enganado com o PT, está aí mais um aprontada dos jurássicos da esquerda brasileira. Para surpresa de ninguém de bom senso e informado o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva – o dinossauro ambulante da retrógada da política brasileira cujo partido tem responsabilidade direta pelos desvarios dos últimos 16 anos de desgoverno - que se elegeu presidente por uma diferença de uma “peinha de nada” como se diz por estas terras e graças a uma extensa coligação de partidos que preferiram a ele ao outro jurássico-milico, resolveu que a vitória é minha, pensa o iluminado jurássico. E aí estamos vendo no que isto está dando.

Pois bem. Como se sabe um governo de coalizão demanda muita articulação, muita atenção na gestão da política e, sobretudo, o cumprimento das promessas de campanha da sua coligação. Eleito Lula, a sua primeira ação foi dar uma grande banana para o “resto” dos partidos que o ajudou a eleger-se loteando entre eles o seu ministério de nulidades – e liberdade para aprontarem (e o Sr Juscelino, ministro do Turismo, pasme-se, está aí para não deixar ninguém mentir) - cuja soma do conjunto anda próximo de zero a esquerda.

Após essa lambança política, Lula partiu para a esculhambação aberta e está trazendo os erros cometidos pelo infame governo Dilma. Seu ego maior que o mundo o faz achar que pode tudo, quando nada pode e os últimos meses foram pródigos em mostrar isso para ele e seu irresponsável “gastar é vida” que está levando a economia deste país a um lugar de onde foi resgatada no pós Dilma. É de uma irresponsabilidade capital.
Lula age como se a vitória das eleições tivesse sido do PT. Não foi. Passou longe disso e a maior prova é a bancada nanica do partido no Congresso. Mas ainda assim se julga no direito de impor as diretrizes vencidas do partido, como o arcabouço – esse sim – o símbolo do atraso, da corrupção e dos malfeitos tal qual acorridos nos últimos 16 anos dos seus governos e de Dilma.

Não custa relembrar que os brasileiros não o elegeram apenas. Também elegeram governadores e o Congresso. E nesse universo político o PT e seus satélites são forças claramente minoritárias. O que não lhe dá o direito de fazer e desfazer como se este país fosse o quintal da sua chácara – Ops, casa, que ele não tem chácara, lembra? -
Do ponto de vista econômico, qualquer aluno de economia do primeiro anos saberia que o tal “arcabouço fiscal” foi uma tremenda armação para deixar nas mãos do “Gasto é vida” nada menos que uma bagatela próxima de duzentos bilhões de reais para gastar como quisesse, sob a desculpa que o “Regime Fiscal Sustentável, conhecido como Novo Arcabouço Fiscal (PLP 93/2023), é um mecanismo de controle do endividamento que substitui o Teto de Gastos, atualmente em vigor, por um regime fiscal sustentável focado no equilíbrio entre arrecadação e despesas” segundo o site da Câmara dos Deputados.

Que continua: “Mais do que impedir gastos acima de um limite, o regime condiciona maiores gastos do governo ao cumprimento de metas de resultado primário, buscando conter o endividamento e criando condições para a redução de juros e garantia de crescimento econômico”. Esse texto busca “explicar” por que acabaram com o teto de gastos e colocaram nas mãos do Lula aquela montanha de dinheiro que ele torrou sem pena e agora está de novo atrás de arranjar um jeito de gastar mais sem ter. O contrário do que professa o texto oficial.

E são justamente esses arrumadinhos sob a forma de mudança de regras que está afastando os investidores do Brasil. Nesta semana o Sr. Fernando Meira CEO do principal escritório jurídico do pais, o Pinheiro Neto, com contatos diuturnos com grandes grupos empresariais no exterior, avisou o que eles pensam do Brasil: “O Brasil não está mais no radar”. Mesmo com a Rússia e a China canceladas. Ponto.

E ele concluiu: “O que o investidor quer é previsibilidade, estabilidade e segurança. O que o Brasil oferece é o oposto”. “É zero segurança jurídica, com mudança nas regras o tempo todo.” Enquanto o mundo discute, por exemplo, os enormes impactos que a IA terá em todo o mundo nos próximos anos – e não décadas – e todo mundo lá fora está falando disso. Por aqui estamos discutindo Bolsonaro, Lula, taxação de blusinhas.

Também pudera com essa “inteligência” política a nos guiar, o que poderia ser discutido a partir de uma mente rasa e semianalfabeta? Distante dos discursos ufanistas dos governistas paira no país uma sensação de “deja vu”, de fracasso. Continuamos com o nosso hoje cinquentenário voo de galinha na economia.

Sem direção e sem projetos estratégicos o Brasil patina e pior, perde espaço no mundo moderno. É preciso dar um chega nessa situação de eterno país do futuro, O Brasil só terá futuro quando – e se - começar de fato a caminhar na direção de um capitalismo com responsabilidade social (e não o Brasil dos bolsas famílias), enfrentando suas carências suas históricas. Com seriedade.

Tem que combater de verdade a corrupção e não acabar com iniciativas como a Lava Jato. Precisa ter responsabilidade fiscal (e não o que o “Gasto é vida” quer promover à custa da desgraça de todos). Precisa perseguir seriamente a entrada do país na OCDE (e não privilegiar os BRICS, um amontoado de países atrasados que nada tem a oferecer ao Brasil). Tem que perseguir o grau de investimento com o que o país teria acesso a créditos fartos e ganharia de novo a confiança dos investidores.

Tem que reduzir os gastos? Para isso é preciso – com seriedade - refazer as reformas da previdência, a trabalhista e até a ainda não votada reforma tributária. Nenhuma delas atende aos interesses estruturais e de longo prazo do Brasil, foram e estão sendo meras muletas para governos se safarem das pressões, mas deixarem o país à deriva.

Por enquanto, os fundamentos do país ainda permitem que se dê essa guinada. Mas se continuarmos com essas políticas rastaqueras de gasto é vida e coisas do gênero, até isso vamos perder e aí é onde a porca torce o rabo. E se não o fizermos, é simples: o capital pesado não vem. Virão apenas os abutres para apostarem contra a economia brasileira e ganharem rios de dinheiro...

Não tem atalho ou caminho fácil.

Agora, como fazer isso com um demagogo ególatra cuja única preocupação é se promover – mesmo que a custa de gozação dos seus pares por conta das suas propostas ridículas como a de que acabaria com a guerra Rússia-Ucrânia tomando cerveja numa mesa de bar com Putin e o presidente do país agredido.

O Sr. Meira, da consultoria jurídica Pinheiro Neto, faz uma observação importante: “Por que não vamos na cartilha daquilo que sabemos que dá certo? Daquilo que deu certo em todos os outros lugares do mundo? É tijolinho em cima de tijolinho. É conseguir trabalhar nos consensos. Tem um monte de consensos, mas não conseguimos sequer implementar os consensos”.

Fica o alerta. Não há – como quer o Lula – de se reestruturar a situação fiscal deste país pela via da arrecadação. Seria uma piada de mau gosto, não fosse o potencial de desarranjo ainda maior das contas públicas que tal medida encerraria. Vai tirar dinheiro de onde? Vai querer represar o capital estrangeiro com mais juros? Não adianta, arisco, ele vai embora mesmo. Já houve outras ocasiões que todos que estão no governo têm conhecimento. Portanto seguir esse caminho é dar pedalada fiscal.

Haverá novo impeachment?

Este país precisa urgentemente começar a estruturar um projeto concreto, palatável, competente para o seu futuro. Ou teremos, na melhor das hipóteses, mais 50 anos de voo de galinha. Um século. Ninguém merece!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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