colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Pouco Brasil e muita saúva

16/06/2024 - 06:00

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Com uma indiferença que em similitude é a mesma dos muitos milhões de alemães diante dos campos de concentração, a sociedade brasileira convive hoje passivamente com o estado de coma moral dos primeiros escalões do poder público deste país em todos os seus quadrantes, regiões e níveis hierárquicos, políticos, judiciais e legislativos. Esse procedimento que se tornou padrão trata-se, não há qualquer tipo de dúvida, do mais grave quadro de esfarelamento da ética pelo Estado.

Esse surrealista “novo normal” que se espraiou por esta Nação especialmente após a volta da democracia em 1985, com a posse do mestre de todos os políticos na arte de conduzir o Estado unicamente para atender aos seus interesses e dos mais altos estamentos do aparelho estatal, o Sr. José Sarney. Que, verdade seja dita, nada mais fez que retornar o país aos costumes da década de 1930 quando o Estado tinha como fim precípuo não escrito, atender aos que sempre mandaram na máquina pública.

2020 é a década de 1930 rediviva. Nesse mundo disforme que as altas autoridades deste país chocam todos os dias o resto da Nação, as leis não são iguais para todos, já que para elas só vale se for para beneficiar, nunca prejudicar. Peixes graúdos ficam convencionados, são inimputáveis e se por acaso caírem na rede, estão aí os Toffolis da vida para não deixar ninguém mentir sobre como a banda toca o minueto para regozijo dos nababos e de suas entourages públicas ou privadas (empresários chapa branca, campeões nacionais, beneficiários dos bilhões de incentivos fiscais, etc.). A nata dos parasitas deste país.

O “soviete” brasileiro é composto por todos os ministros dos tribunais superiores e, nos estados, por todos os legislativos federal, estaduais e municipais e pelos executivos federal, estaduais e municipais. Mas não é só. Tem coisa de 500 estatais e seus dirigentes e os milhões de apaniguados que varejam em torno do poder sorvendo-se das migalhas que os potentados lhes jogam como sobra do butim multibilionário com que se locupletam dos dinheiros públicos todos os dias. Tem ladrão que não acaba mais.

Nesse mundo surreal traficar emendas parlamentares é coisa boba, os que roubam o tesouro nacional nunca pagam o que devem, grandes empresários não pagam impostos, a montanha de juros que o país deve é para que os filósofos do “gasto é vida” se refastelem nas verbas federais, enriqueçam suas burras e a dos amigos. Ao povo resta o ônus de pagar os mais altos impostos do mundo para não ter direito a quase nada, como por uma das piores educações públicas do mundo, uma saúde que o faz esperar um ano na fila por uma “consulta” de 5 minutos com um especialista do SUS e tantas outras aberrações tão ou mais criminosas.

E quando a coisa pode pegar, não tem problema, basta baixar um decreto dando 100 anos de sigilo à agenda da primeira dama, como acaba de fazer o presidente da República. Ou transformar em segredo nacional a agenda de um mero servidor como o procurador geral da República. Esses caras que de bobos ou de loucos nada têm, sabem que estão brincando com fogo. Maria Antonieta perdeu a cabeça por muito menos, os brioches. Eles já estão muuuuuuito além disso. Até onde irão? O que esperam?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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