O centro do universo

Sabe aquela cueca da sorte? Ou o jogo que assistimos na casa daquele amigo pé frio? Lembra daquela vez que algo de bom ou de ruim aconteceu porque você antes fez isso ou aquilo certo ou errado? E aquela pessoa que te olhou torto semana passada, porque tá com raiva de você, o que tu fizestes?
Tendemos a nos achar o centro do universo, isso mesmo: nossas opiniões são as mais importantes, nossos problemas são os maiores do mundo, nossas angústias são as mais legítimas e nossa verdade é a suprema. Já reparou nisso? O problema é que esta é uma opinião única e ao mesmo tempo universal.
Todos nós, cada ser humano se acha o centro do universo. Mesmo quem anda deprimido e se acha um “nada”, sente-se o buraco negro que traga até a luz do mundo.
É natural que nos sintamos assim, afinal isso faz parte do instinto de autopreservação, está inscrito em nosso DNA que somos a coisa mais importante que temos. E você, leitor deve concordar com a frase que está latejando em sua mente: minha vida é a coisa mais importante que tenho.
Isso muda um pouco quando temos filhos, mas o pensamento é legítimo, pois seu corpo e sua vida são o seu patrimônio-mor.
Ocorre que meu maior patrimônio não é o centro do universo, e isso é algo meio difícil de diferenciar. Os egoístas sequer cogitam esta hipótese, os altruístas a aceitam de mais bom grado. Mas temos sérias dificuldades em aceitar que não somos o centro de tudo.
Mesmo coletivamente, a história nos mostra que a cultura ocidental entendia que “o homem era o centro de tudo” e, embalado neste ensinamento somos levados a entender que “eu” sou o centro de tudo.
Infelizmente não é bem assim. Justo na casa vizinha tem alguém que não está nem aí pra você, que não se importa se você está bem ou mal, doente ou são, vivo ou morto. Porque para eles, o centro do universo é outro.
Entender que não somos o centro do universo nos faz mais tolerantes, compreensivos e mesmo menos estressados, pois passamos a compreender que o mundo não gira ao nosso redor, que todos temos vontades, aspirações legítimas, angústias, problemas e dificuldades.
Tente ver a vida com outros olhos e compreenda que cada pessoa é um mundo em si mesmo e que, no máximo, você irá compreender aquele mundo, mas não o fará entrar no teu. Afinal, se somos “poeira das estrelas” dotados de consciência, nos comportamos como estrelas, com vida própria. Cabe a nós brilhar e iluminar outros mundos, cada qual um universo em si mesmo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA