Medicina/UFAL celebra 75 anos com foco na formação do futuro
Texto de Rozangela Wirzomirska – professora titular da FAMED
No limiar do jubileu de 75 anos da Faculdade de Medicina de Alagoas/UFAL, vivenciamos um momento de celebração e reflexão sobre a trajetória da formação médica em nosso estado, emergindo a discussão sobre metodologias pedagógicas que moldarão os futuros profissionais da saúde.
Historicamente, o ensino médico caracterizou-se pela compartimentalização do saber, com disciplinas relacionadas a especialidades, como a Gastroenterologia. Embora essa estrutura tenha seus méritos, em termos de aprofundamento em campos específicos, frequentemente negligencia a intrínseca conexão entre os saberes na prática clínica.
A nova perspectiva propõe que o aprendizado seja de formação generalista, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana e da saúde integral do ser humano, tendo como transversalidade, sempre, a determinação social do processo de saúde e doença.
Nesse caminhar, que não é curto, vale ressaltar a participação da profa. Delza Gitaí, que, enquanto reitora da UFAL, protagonizou a elaboração do Projeto Pedagógico Global (PPG) da universidade, cabendo à profa. Ana Dayse Dórea coordenar o PPG da Medicina. Em 2001, após a publicação, pelo MEC, da Diretriz Curricular Nacional para o curso de Medicina, um novo ciclo foi coordenado pela profa. Rosana Vilela, culminando com o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Medicina, em 2006, atualizado em 2013 e 2024.
Para atender a essas premissas, disciplinas como a citada Gastroenterologia integraram-se com Cirurgia do Aparelho Digestivo, Hematologia e Uso Racional de Medicamentos, constituindo a disciplina intitulada Saúde do Adulto e do Idoso IV. O aluno é exposto a cenários clínicos que demandam a aplicação de conhecimentos de diferentes áreas e é estimulado ao desenvolvimento do raciocínio clínico, compreendendo não apenas a fisiopatologia e a terapêutica, mas também a anatomia relevante, a epidemiologia e os condicionantes sociais e psicológicos — construindo, assim, um entendimento mais completo e aplicável.
Os desafios para a implementação de uma disciplina integrada requerem um planejamento pedagógico meticuloso, uma estreita colaboração entre os docentes das diferentes áreas e a adoção de metodologias que valorizem a capacidade do aluno de integrar e aplicar o conhecimento com autonomia. O processo de mudança foi gradual e progressivo, com a profa. Vicentina Wanderley liderando a junção com as demais áreas, e as sucessivas coordenações introduzindo a Aprendizagem Baseada em Equipes, com os profs. Rosana Vilela, Alexsandra Eugênia e João Batista. Em 2019, após o retorno da autora de seu pós-doutoramento na Universidade Aberta de Lisboa, foram introduzidas a Aprendizagem Híbrida, a Aprendizagem Baseada em Projetos e a Integração de Conteúdos.
Ao celebrar sua rica história, a instituição reafirma seu compromisso com a inovação pedagógica, preparando seus egressos para os desafios futuros da profissão e para a promoção da saúde em Alagoas e no Brasil. A integração do saber, portanto, não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para a evolução do ensino médico e para a excelência no cuidado à saúde.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA