É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

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O legado de Dr. Hemerson nos 75 anos da Faculdade de Medicina

03/05/2025 - 11:16
Atualização: 03/05/2025 - 11:20
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Texto de Hemerson Casado – Graduado pela Faculdade de Medicina de Alagoas (1990), cirurgião cardiovascular

Ingressar na Faculdade de Medicina de Alagoas/UFAL floresceu como um dos eventos mais sublimes da minha trajetória. No meu horizonte familiar, a medicina cintilava de forma distante, personificada apenas pela figura de um primo radicado em terras americanas. Para mim, a vocação pulsava como um chamado divino.

Nos primórdios estudantis, vi-me integrado ao centro acadêmico — um convite que ecoava ousadia em tempos de ditadura militar. A sede por conhecimento me conduziu ao grupo de estudos de genética do professor Guilherme Gaelzer, onde permaneci por cinco anos. Aquele grupo, mais do que aprendizado, forjou amizades e revelou talentos, como o Dr. Rafael Kennedy e o Dr. Marcus Vinícius, de Quebrangulo.

A ascensão ao Centro de Ciências da Saúde no Tabuleiro, atual FAMED, trouxe consigo a intensidade do Pronto Socorro e o encontro com jovens professores cuja volúpia era formar médicos qualificados. Dali surgiram amizades preciosas, como as dos professores João Batista, Ricardo Nogueira e João Pereira. Paralelamente à graduação, a paixão pela cirurgia cardiovascular me guiou aos corredores da Santa Casa de Maceió — o palco onde escolhi dedicar-me profissionalmente.

Seguiu-se uma década de aprimoramento médico entre Maceió e centros de excelência no exterior. Ao retornar a Alagoas, o reconhecimento de meu talento me levou a iniciar um serviço pioneiro em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Seis anos depois, regressei para integrar as equipes do Hospital do Coração e da Santa Casa de Maceió.

Contudo, em agosto de 2012, o destino impôs uma pausa abrupta em minha carreira: o diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A experiência da fragilidade humana e da luta contra uma doença implacável tornou-se a nova realidade. Mas a fibra que me impulsionou na medicina jamais se rendeu.

Agora eu sei o que é sofrer, mas lutei muito até aqui. Trabalho no Hospital do Coração do Estado graças à deputada estadual Fátima Canuto e ao prefeito Renato Filho. Atendo por telemedicina, atuo na Uncisal e no Cesmac. Terminei o mestrado e, neste ano, iniciei meu doutorado.

Com muita resiliência — e com o apoio crucial da deputada estadual Fátima Canuto e do prefeito Renato Filho — encontrei novas formas de continuar servindo. Por meio da telemedicina no Hospital do Coração, e atuando na Uncisal e no Cesmac, continuo firme em minha missão de cuidar e ensinar. A busca por conhecimento também não cessou: concluí meu mestrado e, neste ano, dei um passo adiante ao iniciar meu doutorado.

Subjugado pela ELA, é necessário um esforço sobre-humano para não ceder à comiseração. Pois, como revelou Guimarães Rosa, “a força da vida reside na capacidade de enfrentar as dificuldades com coragem e resiliência, de buscar o sentido em meio ao caos, de amar e aprender com a experiência, e de acreditar na força do destino, mesmo em meio à incerteza”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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