É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

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Faculdade de Medicina de Alagoas celebra 75 anos de história

07/05/2025 - 08:15
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Texto de Ângela Canuto – diretora da Faculdade de Medicina de Alagoas/Ufal

Hoje, dia 7 de maio de 2025, Alagoas celebra não apenas o aniversário de uma instituição, mas a realização de um sonho que mudou vidas. Celebra-se o jubileu de 75 anos da Faculdade de Medicina de Alagoas, que permaneceu como Sociedade Civil de Direito Público, mantenedora da faculdade por 11 anos, até ser incorporada à Universidade Federal de Alagoas, em 1961 (1950/2025). Idealizada por três visionários – Abelardo Duarte, Ib Gatto Falcão e José Lages Filho – a faculdade nasceu sem sede, sem recursos, mas com algo que dinheiro nenhum compra: a convicção de que a educação podia transformar a realidade social de um estado marcado por tantas desigualdades.

A faculdade surgiu como um sonho ousado, quase um murmúrio de esperança em meio a um cenário de carências. Não havia o eco familiar dos corredores acadêmicos, nem a segurança de laboratórios equipados. Havia, sim, a energia contagiante de um ideal que pulsava forte no peito de seus idealizadores, somados aos 13 médicos que, com a bravura de pioneiros, decidiram semear essa semente.

Eles começaram com quase nada, mas não estavam sozinhos. O desembargador Osório Gatto redigiu gratuitamente o regimento e os estatutos. O comércio da Boca da Levada, grandes empresas como a Nestlé, as usinas Serra Grande e Leão, e bancos locais também disseram “sim” a esse sonho, oferecendo apoio concreto a uma ideia que ainda nem tinha paredes – mas já tinha alma. Cada “sim” era um tijolo invisível, mas fundamental, erguendo a estrutura de um futuro promissor.

Desde sua gênese, a Faculdade de Medicina carregou em seu DNA um profundo senso de justiça social. Não se tratava apenas de formar médicos, mas de abrir as portas do saber para aqueles que, historicamente, foram marginalizados. Estudantes da rede pública, a riqueza da diversidade racial, a força das pessoas com deficiência, as vozes que antes ecoavam em silêncio encontraram ali um espaço de acolhimento e florescimento. A inclusão não era um mero adendo, mas o alicerce ético sobre o qual a instituição se ergueu.

O que começou como uma utopia tornou-se referência. Está entre as 20 melhores escolas médicas do país, entre 390 faculdades de medicina. Mais do que formar médicos, ela constrói pontes entre o saber e a esperança.

Em sete décadas e meia, milhares de médicos nela formados irrigaram de esperança hospitais, postos de saúde, comunidades ribeirinhas isoladas, vielas de favelas e até cruzaram fronteiras, levando consigo a garra alagoana e a excelência de uma formação que agora atrai, pelo Enem, inúmeros candidatos de todo o país.

A Faculdade de Medicina de Alagoas/Ufal não apenas molda profissionais de saúde: ela tece pontes sólidas entre o conhecimento e a mais genuína esperança. Celebrar esses 75 anos é celebrar a vitória da coragem, a persistência do compromisso e a beleza de um sonho que se tornou realidade nas Alagoas. Uma epifania!

Comemorados hoje, em solenidade especial do jubileu dos 75 anos, no auditório da reitoria, aberta ao público e presidida pelo magnífico reitor e esta diretora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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