É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

Conteúdo Opinativo

Alagoas, um jardim de vaidades

18/07/2025 - 12:01
Atualização: 18/07/2025 - 13:15
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Texto de Benedito Ramos – Da Academia Alagoana de Letras, escritor.

Alagoas pode contabilizar uma significativa constelação de astros de primeira grandeza no cenário nacional e internacional. Algumas são figuras lendárias e impactantes do ponto de vista cultural, intelectual e político. Tenho dúvida, porém, se esse alvitre não tempera de inveja o sonho de muitos intelectuais conterrâneos pelo mesmo reconhecimento, a ponto de esta terra ser um jardim de vaidades.

O que nos alenta, no entanto, é ver que muitas destas celebridades quando vêm a Maceió exaltam a terra com uma reverência singular, enquanto alguns espectros que aqui vivem e sobrevivem ovacionados por um séquito de medíocres degredam sua formação acadêmica e omitem sua participação em instituições que os credenciaram no princípio de suas carreiras.

Ledo Ivo teria tudo para olhar Alagoas por cima dos óculos, afinal com um currículo invejável, com inúmeras obras publicadas no exterior, ingressou na Academia Brasileira de Letras em 13 de novembro de 1986 e nem por isso rejeitou a Academia Alagoana de Letras, para a qual foi eleito em 4 de setembro de 1985. Ao contrário, sua passagem pela instituição conterrânea está registrada no site da ABL até hoje. Talvez por isso se refira à sua cidade natal com a intimidade que muitos já perderam: “Minha pátria é a terra mole e peganhenta onde nasci e o vento que sopra em Maceió. São os caranguejos que correm na lama dos mangues e o oceano cujas ondas continuam molhando os meus pés quando sonho”.

Poucos numes do Olimpo alagoano desejam revelar sua origem caeté quando estão nos altares da fama. Fama efêmera que muitas vezes não ultrapassa os limites da província. Enquanto outros que estão além das fronteiras brasileiras vão e voltam carinhosamente aos confins de onde nasceram como se da energia da terra precisassem para viver.

Somos todos culpados por alimentarmos a vaidade destas feras com uma atenção maior do que a indiferença que merecem. Somos condescendentes com suas empáfias e aplaudimos seus discursos loquazes que só reverberam seus méritos pessoais.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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