Faculdade de Medicina da UFAL comemora 75 anos
Texto de Ricardo Nogueira, professor da Universidade Federal de Alagoas
Animais exóticos do planeta Terra — como a viúva-negra ninfomaníaca do Paquistão, a perereca elétrica da Zâmbia, o coelho priápico da Indochina, o peru de papo roxo de Cusco e a ostra aromática da Chechênia — nos dizem: liderança não se proclama, se exerce.
Assim fez Ib Gatto Falcão ao criar a Faculdade de Medicina das Alagoas. 1951: primeiro vestibular da primeira faculdade de Medicina deste Estado.
O professor doutor Ib Gatto Falcão dá início à prova oral. Entram dois candidatos com carta de apresentação de José Américo de Almeida, ministro de Estado do presidente Getúlio Vargas.
Ib começa a arguição; entretanto, os candidatos são incapazes de responder a quaisquer questionamentos.
Decide, então, tratar de amenidades:
— Os senhores gostam de esportes?
O primeiro afirma:
— Adoro natação, nado desde criança.
Já o segundo foi taxativo:
— Professor, detesto natação.
Findo o exame, Dr. Ib envia um telegrama ao eminente José Américo:
"Sr. Ministro, quanto aos seus candidatos: um nada, e o outro, nem nada!"
A antiga Faculdade de Medicina, desde 1961, integra a Universidade Federal de Alagoas.
Acredito que, nesse próximo quartel de século, poderemos ter um curso mais direcionado à prevenção de males — em sua grande maioria evitáveis — como obesidade, diabetes, hipertensão e neoplasias malignas.
Considero também que devêssemos dar um cunho mais prático às nossas aulas, tendo sempre em mente a serventia para futuros médicos e pacientes. Teoria divorciada da prática leva à decoreba. Em seguida, tudo é regurgitado na próxima prova. E depois? Depois, pede-se a Deus para esquecer, por não se enxergar onde tais ensinamentos serão utilizados.
Amigos meus, médicos resolutivos não são formados em aulas teóricas, mas em treinamentos práticos supervisionados por professores altamente habilitados. Afinal, em Medicina, a melhor maneira de dizer é fazer.
Para nos equipararmos ao alto padrão da Medicina internacional, precisaríamos de um curso médico bilíngue — português-inglês. Todos os artigos médicos estão em inglês; todas as inovações são veiculadas nesse idioma. Eis a razão-mor do estrondoso progresso cosmopolita do mundo asiático. Insistimos em perder o barco da história e, sem querer, referendamos a ideia dos estrangeiros sobre nós, qual seja: o brasileiro é o povo que não perde a oportunidade de perder uma oportunidade.
Para continuarmos construindo os médicos do futuro, ouçamos Goethe:
"Sejam corajosos, e forças poderosas os auxiliarão."
Sejamos corajosos como o foi nosso 8º presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca. Ainda como general e ministro da Guerra, fora à Alemanha. Lá, o apresentaram ao ministro da Guerra daquele país, um indivíduo de dois metros, arrogante, que lhe estirou a mão, dizendo:
— Muito prazer, ministro da Guerra da Alemanha, general Von Ribentrop.
Nosso Hermes não se intimidou, empertigou-se e respondeu:
— Muito prazer, ministro da Guerra do Brasil, general Fon Seca.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA