Jogo jogado
A CPI da Braskem, criada para investigar os crimes da mineradora em Maceió, acabou em pizza, como estava escrito nas estrelas, e nada mudou para as 140 mil vítimas expulsas de suas casas na tragédia ambiental que devastou vários bairros da cidade.
Vale registrar, no entanto, que a CPI ao menos confirmou a omissão e a conivência dos órgãos fiscalizadores com as manobras da Braskem para fugir de responsabilidade no desastre ambiental de Maceió, o que já se sabia desde o início da tragédia.
Em seu relatório a CPI expõe as falhas – intencionais ou não – do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Estado e das Defensorias Públicas da União e do Estado ao assinarem um acordo draconiano com a mineradora sem a participação das vítimas. Tudo chancelado pela Justiça Federal em Alagoas, garantindo a blindagem da petroquímica, que até hoje se exime de responsabilidade ao atribuir a tragédia a uma falha geológica.
O relatório final é rico em apontar os erros na exploração do sal-gema e nominar os responsáveis pelo drama que até hoje aflige milhares de famílias, mas é inócuo em seu resultado, por nada mudar na situação das 140 mil vítimas. Apenas sugere alterações no acordo entre Braskem e MPF, MPAL e Defensorias Públicas, mas nada será modificado. Simples assim.
Ao fim e ao cabo, conclui-se que ninguém será devidamente responsabilizado e as vítimas ficam com o sentimento de que foram enganadas duas vezes: pela blindagem da Braskem e pela CPI que se revelou uma farsa. E mais uma vez o poder econômico ditou as regras do jogo e o povo que se lixe. É jogo jogado.