Conteúdo do impresso Edição 1264

ECOS DA GUERRA

Jornalista visita Maceió e lança livro sobre conflito entre Israel e Palestina

Evento foi organizado pelo Comitê de Solidariedade à Palestina da Ufal
Por ARTHUR FONTES 04/05/2024 - 05:00

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Breno Altman conversa com estudantes e ativistas
Breno Altman conversa com estudantes e ativistas

O escritor e jornalista Breno Altman está percorrendo o Brasil para lançar o livro “Contra o sionismo, retrato de uma doutrina colonial e racista”. Nesta obra, o jornalista judeu denuncia o que qualifica como genocídio cometido pelo governo de Benjamin Netanyahu contra o povo palestino. Em Alagoas, o lançamento do livro ocorreu no último dia 22 na reitoria da Ufal e reuniu mais de 300 estudantes, docentes e ativistas.

“Este é um livro de combate. No calor dos acontecimentos precipitados após 7 de outubro de 2023, me dediquei a algumas exposições sobre as razões do conflito que opõe o Estado de Israel e o povo palestino. Feitos de improviso, os textos foram preparados, e a mim foi proposta a ideia de publicá-los. O argumento era forte: a comunicação escrita organiza melhor o pensamento e permite uma absorção superior que as mensagens audiovisuais”, contou o autor da obra.

Breno vem sofrendo ataques desde que iniciou essa jornada de defesa da autodeterminação do povo palestino. O jornalista e fundador do site Opera Mundi enfrenta sete processos movidos pela Confederação Israelista do Brasil (Conib).

O escritor contou ao EXTRA sobre sua trajetória no jornalismo ao longo desses anos. “Sou jornalista há mais de 40 anos, comecei a trabalhar na área em 1982, atuei na imprensa independente desde aquela época, também na imprensa sindical. Participei de muitos veículos de comunicação, criei alguns veículos que tiveram sua importância, como a revista Atenção e agora o Opera Mundi, que existe já há 15 anos. O Opera Mundi foi criado em 2008, é o principal canal aqui no Brasil dedicado à situação internacional e à política externa do governo brasileiro; também sou colaborador de muitos veículos fora do país’’.

Os conflitos entre Israel e Palestina começaram no final do século XIX e início do século XX, com raízes profundas em disputas territoriais, religiosas e políticas. A criação do Estado de Israel em 1948 foi um ponto crucial, resultando em uma guerra entre as nações árabes e Israel, e culminando na dispersão de centenas de milhares de refugiados palestinos. Desde então, os conflitos têm sido marcados por guerras, atentados terroristas, bloqueios e confrontos militares. As questões principais em disputa incluem o estatuto de Jerusalém, o direito de retorno dos refugiados palestinos, os assentamentos israelenses na Cisjordânia e a segurança de Israel contra ataques palestinos. As áreas de conflito mais frequentes incluem a Faixa de Gaza, controlada pelo grupo islâmico Hamas, e a Cisjordânia, onde Israel mantém um controle militar significativo. Os residentes dessas áreas sofrem as consequências da violência, bloqueios e restrições à liberdade de movimento.

Além de ser a grande questão internacional do momento e das atuais gerações, esse conflito na Palestina também está diretamente presente na vida política do Brasil. Segundo Altman, na política brasileira, a extrema-direita se abraça ao Estado de Israel, na bandeira de Israel o símbolo tem uma proximidade com o discurso sionista. “Como a gente pôde ver nas recentes manifestações convocadas pelo ex-presidente Bolsonaro, no qual pipocavam bandeiras de Israel, tanto em São Paulo, quanto recentemente no Rio de Janeiro. Então, é um tema que está vinculado também à vida política do Brasil e de outros países”, explicou.

Sobre a decisão de escrever sobre o conflito, Breno contou que é um tema com o qual ele lida há décadas, onde vem fazendo exposições orais a esse respeito no programa dele, no canal do Opera Mundi, no YouTube. “Sabidamente a comunicação escrita tem um grau de absorção muito maior do que a comunicação audiovisual para a maioria das pessoas. Então aí surgiu a ideia de criar um material mais didático, de fazer um livro que explicasse de uma maneira mais organizada os temas vinculados a essa questão”, explicou.

Indagado sobre o que os leitores podem esperar da obra, Altman contou os detalhes. “É um livro que apresenta essa possibilidade de as pessoas terem uma informação didática e objetiva sobre o tema, em relação à Palestina e o Estado de Israel e sobre esse conflito. Então esse é o papel do livro, que tem quatro capítulos, um explica os acontecimentos depois do dia 7 de outubro, outro capítulo explica a história e as posições do sionismo, outro discute se Israel é mesmo, como dizem os sionistas, a única democracia do Oriente Médio e finalmente um quarto capítulo explica o que é o antissemitismo’’, disse.


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